A longa marcha de Hillary Clinton

Hillary Clinton não repetirá os erros de 2008, mas tem muitos obstáculos à sua frente e uma grande incógnita: não sabe quem vão ser os seus rivais

Como esperado, Hillary Clinton é oficialmente candidata à Casa Branca. Há pouco que não se saiba sobre esta mulher, que, a caminho dos 70, vive na ribalta política há 40 anos. O mundo conhece as suas forças e as suas fraquezas.

Sabemos que foi conselheira do marido, de forma empenhada, diária e decisiva, durante décadas; que sobreviveu e ultrapassou a humilhação privada mais pública da história americana; o que pensa sobre centenas de questões nacionais e internacionais. Se ganhar, é por exemplo possível antecipar que defenderá posições mais duras do que Barack Obama na política externa. Ninguém se esquece de que, como senadora, Hillary Clinton votou a favor da intervenção americana no Iraque.

A sua resiliência e faro permitem, também, prever que vai lutar nos próximos meses como se fosse o primeiro combate político da sua vida. Só um amador repetiria a pose de “vencedora inevitável” com que chegou às primárias de 2008. E Hillary é tudo menos amadora. Há seis anos, chegou com a força de poder tornar-se a “primeira mulher Presidente da história dos EUA”, mas teve como rivais um candidato a “primeiro Presidente negro” e outro a “primeiro Presidente hispânico”. Ganhou Obama. Essa imagem mantém-se simbolicamente poderosa, mas não chega para mobilizar todos os votos de que precisa.

Hillary tem muito a seu favor: o marido é o ex-Presidente vivo mais popular de sempre e é também uma máquina de fazer dinheiro — estima-se que recolherá mil milhões de dólares para a campanha. Hillary tem também experiência relevante. Cinco anos à frente da política externa tornaram-na conhecedora do mundo, e nove anos no Senado deram-lhe uma bagagem de negociação partidária que muito impressionou os republicanos. Há quem acredite que o seu estilo mais cortante poderá ajudar a fechar acordos difíceis. Mas tem também muito contra si: ser “mais um Clinton”, não ser nova e ser vista como demasiado “amiga do capital” e demasiado conservadora por um segmento considerável da América. Além disso, não sabe quem vão ser os seus rivais. E nos próximos meses tudo pode acontecer. A coroação está longe de garantida.

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