Santa Maria: Santa Maria - Informações úteis

Como ir

A Sata voa entre São Miguel e Santa Maria a partir de 102€ e de Maio a Setembro há ligações regulares de barco. 

Onde dormir

A Fugas ficou instalada no Hotel Colombo. Duplo desde 83€.

Hotel Colombo
Rua Cruz Teixeira
Vila do Porto
Tel.:296 820 200
www.colombo-hotel.com

Onde comer

O Pipas
Rua da Olivença, 11
Vila do Porto
Tel.: 296 882 000
www.facebook.com/Churrasqueirapipas

Garrouchada
Rua Dr. Luís Bettencourt
Vila do Porto
Tel.: 296 883 038
www.facebook.com/Garrouchada-230719996975566

O que comprar

Na Cooperativa de Artesanato de Santa Maria (Santo Espírito) trabalha-se em teares para produzir peças em linho e lã: toalhas, colchas, camisas, camisolas.

Se a gastronomia em Santa Maria, dizem-nos, não é tão rica como noutras ilhas dos Açores, os maranhos são muito procurados, assim como as alheiras e morcelas. Os biscoitos de orelha e encanelados são de comer e chorar por mais. O vinho de cheiro de São Lourenço e o vinho abafado (licoroso) também costumam ser presença na mala de quem parte.

A não perder

Trilhos pedestres
“As melhores paisagens [de Santa Maria] não se vêm por estrada”, avisa-nos logo Nelson Moura, “temos de ir a pé, é o que dá um pouco de magia”. Como estivemos menos de um dia em Santa Maria, o remédio foi entrar e sair do carro, com algumas caminhadas pelo meio. Ficámos sem conhecer os “trilhos bem mapeados, as baías mais bonitas, as nascentes...”. Por isso, não podemos deixar de recomendar percorrer os cinco trilhos oficiais da ilha, todos de dificuldade média: Entre a Serra e o Mar (9,5km, circular, partida e chegada na igreja de Santa Bárbara), o Pico Alto (6,2km, circular), Santo Espírito-Maia (6,8km), Trilho da Costa Norte (9km entre Feteiras de Baixo e Anjos) e Trilho da Costa Sul (7km, do Forte de São Brás, na Vila do Porto, até à Praia Formosa). Quem tiver mais fôlego, pode percorrer a Grande Rota de Santa Maria, 78km divididos em etapas de 20km, que na realidade une as cinco pequenas rotas, através da recuperação de trilhos antigos. Passa pelas principais áreas do Parque Natural de Santa Maria (descontínuo, integrando 13 áreas terrestres e marítimas), pelos melhores spots para birdwatching, miradouros mas também pelo centro de povoações e zonas balneares. Entre cada estação, existe alojamento (albergues e turismo rural) porque o campismo não é permitido. Em Fevereiro, o Colombus Trail percorre a grande rota numa maratona e numa ultramaratona (77km).

Mar 
Santa Maria é considerada um dos melhores spots de mergulho da Europa pelo clima, visibilidade e localização geográfica e a aposta neste tipo de turismo é clara. Tanto que em breve abrirá, em plena Vila do Porto, um hotel com câmara isobárica. Mas não só debaixo de água o mar de Santa Maria guarda surpresas. Com uma costa feita de arribas rochosas, os seus contornos caprichosos escondem baías e enseadas às quais só se acede por mar, constituindo um cenário de beleza primordial. Nos penhascos, recortam-se grutas, algumas das quais verdadeiras jazidas de fósseis — e os próprios penhascos são camadas estratificadas da história geológica da ilha.

Forte de São Brás
A Vila do Porto é a sede do único concelho (com cinco freguesias) de Santa Maria e a primeira povoação do arquipélago a receber foral. É uma vila pequena, apenas quase duas longas, margeadas por casas de dois andares, algumas de feições solarengas, que desemboca no Forte de São Brás, um miradouro natural sobre o porto e marina, lá no fundo, o que determinou a sua construção de carácter defensivo numa ilha onde o acesso por mar não é fácil, mas onde os ataques piratas eram frequentes (há mesmo uma “Rota dos Corsários”). Só foi, porém, construído no século XVII, no Cimo da Rocha, com a parte dianteira do baluarte “colada” à Ermida de Nossa Senhora da Conceição. É aqui, em terraço rodeado de canhões, que a vila se precipita sobre o mar, encavalitada que está numa “lomba”, que tem contornos de falésia flanqueada por dois ribeiros no fundo de vales empinados — mas sempre delineados de muros de basalto. É o rosto com que a vila encara o mar (como foi construída em comprimento, pouco mais se vê desde a água) e guarda memórias daqueles “que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando” (Camões). 

Anjos
Se não há data exacta da descoberta de Santa Maria — entre 1427 e 1432 —, não há dúvidas de que o primeiro povoamento foi na baía da praia dos Lobos, na costa norte, mudando rapidamente para o lugar dos Anjos, ligeiramente mais setentrional. E nestes locais fundacionais de Santa Maria (donde haveria Açores) o que sobressai imediatamente é a estátua de Colombo, bem no centro da aldeia, em frente, ou melhor, nas traseiras (um rectângulo com murete e telhado apoiado em colunas que é o quarto do espírito santo, “império”), que dão para a praça-rotunda, daquela que foi a primeira igreja dos Açores, a Ermida de Nossa Senhora dos Anjos. Pequenina, modesta, num adro de pedra, “era pobre por fora, para passar despercebida aos piratas”, conta Nelson — o que não impede que tenha uma torre sineira separada junto a uma araucária “que servia de referência aos marinheiros de alto-mar”. Terá também servido de referência à frota de Colombo, no regresso da sua viagem de descoberta da América, fugida de uma tempestade. Mais certas eram as incursões de corsários (a igreja guarda um chicote destes) que levaram até à formação Associação Escravos da Cadeinha, para a qual toda a população contribuía com fundos para a libertação dos raptados pelos corsários — ainda hoje existe, a sua sede é ao lado da igreja, e é responsável, por exemplo, pela organização do festival internacional Santa Maria Blues. A praia dos Lobos continua a ser um local de veraneio muito procurado pelos marienses e é o “último” pôr do sol da ilha. E entre a praia e o lugar dos Anjos, cabeça no ar para um capricho rochoso: já faz parte do folclore local, o desenho do nariz e do queixo da “bruxa dos Anjos” e, uma vez detectado o rosto, de perfil, é impossível ver outra coisa.

Praia Formosa
As ondas são escassas, irregulares e baixas, mas há três surfistas a darem o seu melhor na praia Formosa. Por estes dias, não há “praia”, mas no Verão um areal transforma esta praia numa das mais procuradas da ilha, tutelada pelo Forte de São João Baptista, casas viradas ao mar e vales que vão subindo por trás. Também aqui se realiza o festival Maré de Agosto.

São Lourenço e Maia – currais de vinha
São Lourenço é muito procurada pelos marienses no Verão, uma vez que tem uma grande praia de areia clara e um mar cor turquesa, além de piscinas naturais. Mas, além disso, esta baía enquadrada num vale apresenta nesse cenário os “currais de vinhas”: as encostas estão bordadas a muros de basalto, que desenham quadrados onde as vinhas estão plantadas — o vinho de cheiro de São Lourenço é afamado. Se na Maia os “currais” estão mais abandonados, é aqui que vemos dois homens a trabalhar. Rente à estrada, a vinha cresce quase na vertical em socalcos impossíveis, como que incrustados nos penhascos a dois passos do mar. Maia é uma zona de veraneio, com umas poucas casas, quase todas fechados — no final da estrada, a cascata do Aveiro, na foz da Ribeira Grande, “quebra” a simetria dessas “paredes”. É preciso caminhar um pouco para descobrir a cascata em toda a sua altura (80 metros), ela que cai como que abraçada pela rocha, antes de se desfazer num ribeiro, passar sob uma ponte e chegar ao mar.

Santa Bárbara
Nem só de maravilhas naturais se faz Santa Maria e a freguesia-presépio de Santa Bárbara é disso exemplo. As casas aqui, quase todas a obedecerem à arquitectura típica mariense, porta, “rodeadas do seu quintalinho e mato”, que recorda a do Alentejo e Algarve (vejam-se as chaminés redondas e os fornos bojudos adossados à casa, por exemplo), uma vez que os primeiros povoadores vieram, sobretudo, destas regiões. Aqui em Santa Bárbara, as casas são brancas com listas azul anil (“rodapé”, moldura de portas e janelas), mas cada freguesia tem as suas cores diferentes: Almagreira é almagre (magenta), Santo Espírito verde, São Pedro amarelo e Vila do Porto — embora já haja misturas.
Em Santa Bárbara, as casas dispersam-se no cenário que é de encostas, porque estamos na zona leste, montanhosa, portanto, e sem qualquer ordem aparente. Há uma justificação que não é óbvia e, mais uma vez, é Nelson que desvenda a assimetria de construção que confere a aparência tão particular a Santa Bárbara. E, mais uma vez, é a natureza que condiciona tudo. Como havia poucos recursos hídricos, na parte mais alta fica a floresta que intercepta os nevoeiros, recolhendo a água; abaixo vêm as pastagens e a seguir as casas, normalmente em cima de rochas — para deixar a terra mais fértil, depois de todos os nutrientes que chegam de cima, para os cultivos.

Museu de Santa Maria
Este é um museu etnográfico apropriadamente instalado numa casa rural. Além de reconstituir as habitações tradicionais da ilha, com mobiliário e vários utensílios quotidianos, tem núcleos dedicados às várias actividades que marcaram a história de Santa Maria. A exposição permanente O Barro, a Cerâmica e a Vida Quotidiana aborda a importância do barro na actividade da ilha, a única do arquipélago que exportava — “era de tal maneira forte que tinha de ser misturado”. A olaria já desapareceu do tecido económico, mas aqui vêem-se exemplares locais e de outras ilhas açorianas, bem como do continente e outros países europeus. A agricultura e a tecelagem estão também representadas.

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