Liberdade, edição 10.000

A 5 de Março de 1990, na nossa estreia, o Vicente Jorge Silva já o dizia: “Nunca deixámos de acreditar”. Consigo, nunca deixaremos.

“Finalmente, a longa espera terminou”. A 5 de Março de 1990, o Vicente Jorge Silva começava assim o primeiro Editorial do PÚBLICO. A longa espera foram os dois meses de números zero, após uma edição que acabou por não chegar às bancas e cuja primeira página anunciava uma mudança: “Liberdade, ano zero”. O mote era a queda do Muro em Berlim, mas podia bem ser o de uma nova era no jornalismo. Hoje, esse jornal, o seu jornal, chega a um bonito número: 10.000 edições.

Foi uma falsa partida e uma chegada em grande. Ao longo destes mais de 27 anos de vida, o PÚBLICO foi precisamente o que lhe prometeu nesse dia o Vicente: “Os extraordinários momentos históricos que estamos a viver reforçaram de forma decisiva a convicção com que partíramos para este projecto: um mundo em acelerada mutação exige uma sintonia jornalística permanente e criativa com a actualidade”. 

Lido à distância, parece uma maldição. Mas para nós, no PÚBLICO, tem sido uma bênção: estas 10.000 edições, que hoje aqui comemoramos consigo, foram uma alucinante viagem por um tempo em que muita coisa mudou. No mundo, em Portugal, no jornalismo. Em que se fez história. Se seguir em frente por este suplemento e olhar para a cronologia, verá que não exagero.

Muita coisa mudou, mas não o espírito deste jornal. A  cada dia que passou, a cada nova edição, demos tudo para cumprir uma missão: informá-lo, com rigor, honestidade e criatividade. Com qualidade, que nos tempos de hoje é tão ou mais importante do que era em 1990. Com sobressaltos, sim, porque — já avisava o Editorial do dia 1 — “avançamos num caminho ainda por desbravar e não dispomos de soluções mágicas para iludir as dificuldades”. Meu caro Vicente: isto também não mudou, continua a ser assim.

Ao longo destas edições, com essa primeira direcção, depois com a do Nuno Pacheco, com a do Francisco Sarsfield Cabral, a do Nicolau Santos, a do José Manuel Fernandes e a da Bárbara Reis, o PÚBLICO construiu um património que se transformou numa das páginas mais ricas da democracia portuguesa. É por isso que algumas das páginas que se seguem são deles também - os textos e as primeiras páginas que cada um escolheu como a “sua”, do coração. 

Do coração, sim. Porque foi também com muito coração que as centenas de jornalistas e fotojornalistas que fazem a história do PÚBLICO lhe entregaram o melhor de si e que construíram o melhor diário de referência do país. Não teria sido possível de outra maneira. E lá dizia o Vicente: “Nunca deixámos de acreditar”. Consigo, nunca deixaremos. 

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