A responsabilidade

Na passagem do número 10.000 do PÚBLICO, apetece-me vaticinar que estamos perante um desses casos de perenidade global que marcará a imprensa portuguesa com um traço positivo.

De um jornal poderá esperar-se que se diga o pior ou o melhor entre os vivos. Mas o julgamento que fica será sempre, não digo o dos mortos, mas o daqueles que já não estiverem vivos, quando o próprio jornal também for um deles. Na passagem do número 10.000 do PÚBLICO, apetece-me vaticinar que estamos perante um desses casos de perenidade global que marcará a imprensa portuguesa com um traço positivo.

Título novo, nado e criado fora das esferas públicas ou da tentação tablóide, sob a batuta de vários directores, com requisitos distintos, talvez complementares, congregou sempre uma redacção plural e profissional, inspirada em outros modelos europeus e norte-americanos de comunicação escrita. Credibilizou-se ao longo dos anos junto de uma elite influente, para quem  a sua leitura constitui factor relevante de enquadramento diário.

A sua perdurabilidade, que o invulnerabiliza a tiragens e publicidade, é, em muito, o mérito do industrial que concentrou na defesa de um título independente o seu compromisso social com a qualidade da democracia portuguesa.

Portugal sem o PÚBLICO, mesmo numa era de profunda transformação tecnológica da informação, que em muito nos ultrapassa, e descontado o próprio fascínio desconcertante de alguns dos seus caprichos (quem os não tem), seria seguramente um país mais pequeno.

A responsabilidade de prosseguir tão relevante projecto, agora em período de batuta editorial mozartiana, é o que mais deve motivar uma equipa redactorial exigente consigo própria e um fundador que soube sempre apoiar esta sua grande referência sem quaisquer hesitações.

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