Alterações climáticas responsáveis por 15% da chuva libertada pelo furacão Harvey

Furacão que deixou Texas alagado seria menos intenso se não houvesse aquecimento global.

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O furacão atingiu o Texas e o Luisiana Reuters/NASA
Tempestade provocou inundações catastróficas no Texas e causou mais de 80 mortos
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Tempestade causou mais de 80 mortos Reuters/JONATHAN BACHMAN
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Se não houvesse alterações climáticas, o furacão Harvey, que neste Verão devastou o Texas, nos Estados Unidos, teria libertado menos 15% de água sob a forma de precipitação, mostra um estudo. Segundo esta investigação, as alterações climáticas estão a fazer com que este tipo de tempestades catastróficas sejam três vezes mais comuns.

A tempestade largou mais de 127 centímetros de água em algumas áreas e causou inundações trágicas no Texas e no Luisiana, afirmou a organização World Weather Attribution, uma coligação de cientistas norte-americanos, europeus e australianos.

Alguns especialistas, incluindo meteorologistas da ONU, tinham estabelecido que a intensidade do furacão estava ligada às alterações climáticas, dado o consenso científico de que o aquecimento global aumenta a intensidade das chuvas porque o ar mais quente traz consigo maior humidade.

Mas este novo estudo, publicado esta semana na revista científica Environmental Research Letters, abre novos caminhos ao medir a quantidade de precipitação que pode ser relacionada com o aquecimento global.

Desta forma, o trabalho concluiu que o dilúvio foi 15% superior do que teria sido sem as alterações climáticas, e as chuvas históricas são agora três vezes mais comuns no Golfo do México do que eram há um século.

“Esta análise torna claro que estes eventos de chuvas extremas ao longo da Costa do Golfo estão a aumentar”, escreveram os cientistas.

O Harvey chegou ao Texas a 25 de Agosto e deslocou-se pela costa nos dias seguintes. Foi o furacão mais forte a atingir aquele estado norte-americano nos últimos 50 anos, tendo provocado mais de 80 mortos. Os danos em Houston, a quarta maior cidade dos EUA, causaram prejuízos de cerca de 198 mil milhões de dólares (168 mil milhões de euros).

A probabilidade de a ocorrência de outra tempestade na mesma escala é de cerca de uma vez em 100 anos, comparado com uma vez em cada 160 anos sem as alterações climáticas, apontou à Reuters Geert Jan van Oldenborgh, investigador no Instituto Real de Meteorologia da Holanda e que liderou o referido estudo. Para medir o impacto das alterações climáticas, os investigadores utilizaram uma técnica conhecida como atribuição de acontecimentos.

O processo envolve uma rede de computadores que comparam cenários climatéricos com e sem as alterações climáticas, utilizando para isso uma variedade de modelos com o histórico de dados sobre o clima.

O estudo mostra a necessidade de planos de reconstrução das cidades que considerem um maior risco da existência futura de chuvas extremas e inundações, disse a co-autora do estudo, Antonia Sebastian, que é também investigadora na Universidade Rice em Houston. “As nossas tempestades estão a mudar com o tempo”, disse em comunicado. “Nós deveríamos considerar estas alterações no desenho das nossas infra-estruturas”.

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