NASA fez a primeira reunião pública sobre avistamentos de óvnis

Há ausência de dados e de capacidade para distinguir entre aviões e objectos anómalos no céu, identifica o comité de especialistas reunido pela NASA para melhorar a identificação de óvnis.

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Os óvnis sempre fizeram parte da cultura popular, como no filme Encontros Imediatos em Terceiro Grau Columbia Pictures
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Pode ser decepcionante, mas a esmagadora maioria dos avistamentos de objectos voadores não identificados conhecidos pela famosa sigla OVNI são, na verdade, satélites, aviões ou fenómenos celestes. Desde que a NASA juntou um comité de especialistas para estudar estes fenómenos, em Junho de 2022, uma equipa do Departamento de Defesa dos Estados Unidos recebeu mais de 800 casos de avistamentos – dos quais apenas entre 2% e 5% são considerados “possivelmente anómalos”, ou seja, cerca de 40, no máximo, são óvnis.

Esta é uma das principais conclusões retiradas da primeira reunião pública deste comité de 16 especialistas, realizada esta quarta-feira e transmitida pela própria NASA. Após quase um ano de estudos, esta equipa formada por físicos, astrobiólogos e astronautas irá publicar o relatório final até ao final de Julho, como anunciou a agência espacial norte-americana.

Nesse relatório deverá constar uma avaliação mais aprofundada sobre estes fenómenos anómalos no céu, bem como uma série de recomendações e orientações para a estratégia a adoptar na recolha de informação e na identificação de óvnis. Aliás, a identificação e recolha de informação é um dos problemas apontados consistentemente por este painel de especialistas, e que tem impedido uma correcta caracterização dos avistamentos.

E, caso já esteja a questionar-se, a resposta é não. “Não há qualquer prova de que estes fenómenos aéreos não identificados tenham origem extraterrestre”, é referido pela NASA, como já o tinha feito na altura da formação deste comité, em Junho do ano passado. O estudo de avistamentos estranhos e sem explicação à primeira vista tem estado ao longo das últimas décadas sob alçada do aparelho militar norte-americano. A partilha da pasta entre o Pentágono e a NASA marca uma nova abordagem na investigação destes fenómenos, com uma análise ainda mais pormenorizada, mais transparência, para evitar interpretações erradas de vídeos ou imagens.

O antigo astronauta Scott Kelly, que também faz parte deste comité de especialistas, explica precisamente que o céu é muito dado a enganos. “O ambiente em que voamos, seja no espaço ou na atmosfera, é muito propício a ilusões de óptica”, diz, exemplificando com um voo perto da cidade de Virginia Beach em que um dos colegas estava convencido de que tinha passado por um óvni. “Eu não vi. Voltámos para trás, olhámos e era o Bart Simpson – com a forma de um balão”, conta.

É um exemplo simples, mas que mostra a dificuldade em ter informações exactas sobre os fenómenos no céu que não compreendemos imediatamente. É, aliás, outra das reivindicações deste comité de especialistas para o estudo dos óvnis: é necessário recolher mais dados, com mais parâmetros de observação e analisá-los melhor.

Quatro horas a falar de óvnis

Ao longo de quatro horas de reunião pública, testemunhou-se esta quarta-feira o processo da ciência em directo – algo que este comité também quer trazer para o estudo dos óvnis. Sem dados fidedignos, mais observações e uma investigação séria, não há ciência ou factos para explicar estes fenómenos anómalos.

E desde o início da transmissão que há uma mensagem a ser transmitida contra o estigma e os ataques nas redes sociais aos membros deste painel de especialistas. “Um dos nossos objectivos é eliminar o estigma, porque são necessárias informações com maior qualidade para responder a questões importantes sobre os óvnis”, explicou o astrofísico David Spergel, que lidera o comité de especialistas da NASA.

Além da investigação levada a cabo pela NASA, que se tem centrado numa avaliação da situação actual, mas também na criação de um mapa de parâmetros a observar e dados essenciais para recolher, existe uma outra investigação em curso por parte do Departamento de Defesa dos Estados Unidos – com base nos fenómenos não identificados dos últimos anos no céu, em terra e no mar.

A investigação de óvnis e de todos os fenómenos que não conseguimos identificar faz também parte da desmistificação daquilo que são estes objectos que não reconhecemos. A NASA há décadas que tem trabalhado na explicação de avistamentos que são tidos como óvnis, mas agora decidiu investir mais e apostar num estudo aprofundado para dar respostas mais rápidas e recorrentes sobre estes fenómenos.

Além disso, este tipo de fenómenos faz parte do nosso espaço e enquanto há missões às luas de Júpiter ou a Marte para procurar vida fora do nosso planeta, também é importante compreender que objectos estranhos fazem parte dos avistamentos de centenas de pessoas aqui na Terra.

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