OMS diz que Zika já não é emergência

Organização Mundial de Saúde diz que o vírus e as suas complicações constituem ainda "desafio de saúde pública" e pedem "programa robusto".

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O vírus "veio para ficar", nota a Organização Mundial de Saúde JUAN CARLOS ULATE/Reuters

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou esta sexta-feira que o vírus do Zika e as suas complicações já não são uma emergência de saúde internacional, mas que causa preocupação suficiente para ser combatido através de um "programa robusto".

O Comité de Emergência da OMS, que tinha declarado o vírus uma emergência internacional de saúde pública em Fevereiro, disse em comunicado que "o vírus Zika e as consequências associadas continuam a ser um desafio de saúde pública significativo requerindo acção, mas já não constituindo uma emergência internacional de saúde pública". 

"Não estamos a fazer decrescer a importância do Zika", explicou Peter Salama, director executivo do comité de emergências, num briefing aos jornalistas. O objectivo é antes defini-lo como um problema "que veio para ficar".

Apesar de três quartos das pessoas infectadas serem assintomáticas e os sintomas, quando surgem, serem só febre e erupções cutâneas, alguns doentes já tiveram complicações neurológicas devido à infecção pelo vírus Zika. Um dos efeitos mais preocupantes foi o aumento de recém-nascidos com microcefalia, bebés que nascem com uma cabeça muito mais pequena do que a média, indicando problemas no desenvolvimento do cérebro durante a gestação.

A OMS argumenta que o Zika é assim mais uma doença transmitida por mosquitos como a malária ou a febre amarela, tratando-se de um problema continuado e já não de uma situação excepcional.

Mas alguns peritos de saúde acham que a decisão é prematura, diz o diário norte-americano New York Times. Anthony S. Fauci, do norte-americano National Institute for Allergy and Infectious Diseases, que está a patrocinar esforços para chegar a uma vacina, questionou se era a melhor altura para mudar o estatuto justamente quando começa o Verão no hemisfério Sul. "Vamos ver um ressurgimento no Brasil, na Colômbia, etc?", perguntou. "Não seria melhor esperar uns meses e ver o que acontece?"

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