O que nos revelam as crateras lunares sobre a Terra?

Estima-se que todas as grandes crateras da Lua tenham menos de mil milhões de anos.

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A azul, crateras com menos de 290 milhões de anos na Lua NASA/LRO/USGS/Universidade de Toronto

As crateras da Lua podem ser um espelho dos impactos de asteróides na Terra. Como? Um exemplo é o que cientistas dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido anunciam esta sexta-feira na revista científica Science: ao analisar a superfície lunar, esta equipa revela que o número de impactos de asteróides na Lua – e portanto, na Terra – aumentou entre duas e três vezes há 290 milhões de anos.

A colisão de corpos no espaço teve um papel crucial na formação de planetas. Por isso, há várias décadas que os cientistas têm tentado compreender o impacto dos asteróides na Terra através da datação do estudo das rochas à volta das crateras. Mas não tem sido fácil: as crateras mais antigas no nosso planeta (que são poucas) têm sido degradadas pelo vento, tempestades e outros processos geológicos.

Como estes mecanismos não estão presentes na Lua, o estudo das crateras no nosso satélite natural pode ser uma boa ajuda para percebermos as da Terra. “A Lua é como uma cápsula do tempo que nos ajuda a perceber a Terra. Percebemos que a Lua partilha connosco um bombardeamento histórico semelhante”, considera William Bottke, do Instituto de Investigação do Sudoeste (Estados Unidos) e um dos autores do artigo, num comunicado da sua instituição.

Através de imagens e dados térmicos recolhidos pela sonda Lunar Reconaissance Orbiter, os cientistas estimaram que todas as grandes crateras (com mais de dez quilómetros de diâmetro) à volta da Lua têm menos de mil milhões de anos. Enquanto essas crateras estão repletas de rochas, as mais velhas são mais lisas.

A partir destes dados, a equipa percebeu então que a taxa de formação de grandes crateras na Lua aumentou entre duas a três vezes há 290 milhões de anos, no final da era Paleozóica. Contudo, desconhece-se o motivo. “Poderá estar relacionado com grandes colisões que tiveram lugar há mais de 300 milhões de anos na cintura principal de asteróides entre as órbitas de Marte e Júpiter, o que pode ter criado destroços que depois tenham penetrado no sistema solar interior”, lê-se no comunicado.

“Os nossos resultados também têm implicações para a história da vida, que é marcada por extinções e rápidas evoluções de novas espécies”, considera William Bottke. “Embora as forças que levam a esses acontecimentos sejam complexas como grandes erupções vulcânicas, os impactos de asteróides tiveram certamente um papel nesta permanente saga.” Afinal, por exemplo, foi o impacto de um asteróide na costa do México que esteve envolvido na extinção dos dinossauros há cerca de 65 milhões de anos.

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