Anthony Marra, escritor da guerra: “Não se perde o sentido de humor quando se perde tudo o resto”

O absurdo da guerra, a ironia como gesto de sobrevivência, a moral. O americano Anthony Marra escreve para tentar chegar à essência que encontra na literatura russa.

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RG Rui Gaudêncio - 28 Janeiro 2023 - Anthony Marra, escritor de ficção americano. Lisboa. Público Rui Gaudêncio

Kirovsk é uma pequena cidade acima do círculo polar Ártico fundada em 1926 depois da descoberta de depósitos de minério. Fica no sopé das montanhas Khibiny, a mais de 1800 quilómetros a norte de Moscovo, a um dia de viagem de carro quase sem paragem para um café. O escritor Anthony Marra esteve lá nos primeiros anos deste século. Foi à cidade ultra poluída num dos lugares mais recônditos da então designada “nova Rússia”, a que saía da queda do regime soviético, e fez desse território inóspito um símbolo da trágica existência de um povo. Avós e netos numa circularidade impossível de fuga. Fuga de quê? Naqueles anos, de duas guerras, as guerras da Tchétchénia, que entravam na espiral de sofrimento, resignação e medo que o escritor narra à sombra de uma Floresta Branca, um bosque artificial que fez parte do jogo entre o poder e os súbditos ao longo do século XX e já com o pé no século XXI.

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