Ataque informático obriga Boom Festival a suspender venda de bilhetes

A bilheteira electrónica do festival de Idanha-a-Nova abriu quinta-feira, mas teve de encerrar outra vez, inundada por milhões de falsos acessos, e ainda não se sabe quando reabrirá.

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Nuno Ferreira Santos

Um ataque de hackers que bloqueou a plataforma de comércio electrónico usada pelo Boom Festival de Idanha-a-Nova com 40 milhões de acessos por segundo forçou a organização a suspender a venda de bilhetes para a próxima edição, que decorrerá entre 22 e 29 de Julho de 2018. A organização explica que “alguns milhares” de interessados conseguiram, ainda assim, adquirir os seus bilhetes, e solidariza-se com os muitos que estiveram horas a tentar aceder sem êxito ao site do festival.

Com periodicidade bienal, lotações sistematicamente esgotadas e um público cuja percentagem de estrangeiros costuma rondar os 85 por cento, o Boom abriu na quinta-feira a primeira fase de venda de bilhetes, período durante o qual estes podem ser comprados com um desconto de 40 euros. Muitos dos fãs que esta sexta-feira reagiram, na página de Facebook do festival, à explicação do sucedido e à notícia da suspensão da bilheteira mostravam-se preocupados com a possibilidade de já só irem poder comprar bilhetes ao preço regular de 195 euros. Um cenário que o Boom confirma, esclarecendo que, apesar do ataque informático, todo o contingente de bilhetes reservado para a primeira fase foi já vendido.

A organização diz que vai investigar o que aconteceu e que ainda não pode adiantar uma nova data para a reabertura da bilheteira, mas lembra que será sempre possível comprar bilhetes a partir de 20 de Dezembro, quando abrir a chamada “fase dos embaixadores”, o momento em que um conjunto de intermediários espalhados por todo o mundo serão autorizados a vender entradas para o festival. A lista destes “embaixadores”, explicou ao PÚBLICO uma assessora do Boom, será divulgada em Novembro e inclui 75 parceiros espalhados por 40 países.

E apesar de já estar esgotada a quota de bilhetes com desconto para os compradores mais precoces, o festival reserva uma outra percentagem a preço reduzido para “boomers” provenientes de países onde o poder de compra médio é mais baixo, uma excepção que este ano abrangerá os compradores portugueses, até pelo facto de o desemprego, argumenta a organização, “afectar ainda 26,5% dos jovens”. Já a Costa Rica, país-tema em 2018, terá direito a 500 entradas gratuitas.

Ocupando os 150 hectares da Herdade da Granja, na margem direita da Albufeira de Idanha, o Boom Festival, considerado em 2016 “um dos sete mais espectaculares festivais do mundo” pela revista Rolling Stone, e gozando de excelente reputação internacional, é um acontecimento multidisciplinar e intercultural de difícil catalogação, associando a música – com destaque para o trance psicadélico –, a diversas actividades no domínio da ecologia ou da espiritualidade, e promovendo activamente um sentido de comunidade e de responsabilidade social.

Depois de ter tido mais de 40 mil visitantes em 2014, um número considerado excessivo para as condições locais, o festival reduziu o total de bilhetes para cerca de 33 mil, lotação que ainda se mantém. 

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