Sejam bem-vindos ao admirável mundo dos Gume

O segundo álbum do conjunto lisboeta habita um lugar deliciosamente inclassificável. Jazz, afrobeat, composição erudita, rumor eléctrico, voz urgente e ritmo incessante

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Dobra é um álbum urgente e precioso Ana Viotti

“Diversos saberes, sabores, mais alguns odores”, canta-recita a voz feminina, embalada pela polirritmia das percussões. O que descreve em seguida é rico e diverso, como rica e diversa é a música dos Gume, combo que assina em Dobra o seu segundo longa-duração, álbum vivíssimo, riquíssimo, habitante de um lugar inclassificável caso nos restrinjamos a taxinomias rígidas como jazz, afrobeat, highlife, ethio-jazz, rumba, bossa. A taxinomia de géneros pode ser útil, mas é neste contexto pouco importante — que nos interessa categorizar o que quer que seja quando, estamos agora no segundo tema, Vértice, e o sopro do trompete, Masekela esvoaçante no horizonte, sobrevoa o poder rítmico do contrabaixo, a luxúria das percussões e o staccato de guitarra, que se quedará em wah wah de colorido tremeluzente, para acolher no seu seio a majestosidade de orquestrações que são tanto salão erudito quanto o estúdio da Stax em que Isaac Hayes elaborava novas grandiloquências soul? Exactamente. Não interessa nada. Mas adiantamo-nos.

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