Corpos silenciados, reconstruídos, invadidos: assim será o regresso do teatro e da dança

Na terça-feira, três salas lisboetas retomam os espectáculos presenciais com peças que colocam o corpo em debate: O Riso dos Necrófagos, do Teatro Griot, na Culturgest, Anda, Diana, de Diana Niepce, no Teatro do Bairro Alto, e Tempo para Reflectir, de Ana Borralho e João Galante, no D. Maria II.

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SOFIA BERBERAN

Nos últimos meses, Zia Soares passou duas temporadas em São Tomé a fim de empreender a investigação que abastece a peça O Riso dos Necrófagos (Culturgest, Lisboa, dias 20 a 23), baseada nos acontecimentos históricos da Guerra da Trindade, datados de 1953 – um episódio em que a administração portuguesa se abateu com enorme violência sobre a população local. Nas duas visitas, fora da época das chuvas, a actriz e encenadora do Teatro Griot não conseguiu repelir uma sensação de asfixia. “Aos meus amigos, que fiz ao longo dessas viagens, digo que adoro São Tomé. Mas ao fim de duas semanas parece que o céu começa a descer e a ficar cada vez mais perto da minha cabeça.” É essa sensação que transporta para um espectáculo em que a palavra irrompe nalguns momentos, mas que é longamente tomado pela linguagem dos corpos – “De início, não sabia colocar em palavras todas as coisas que tinha investigado e tinha vivido”, admite ao PÚBLICO –, entregues a rituais colectivos ou tombados pela violência exercida sobre eles.

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