Festival Periferias cruza cinema e música em Marvão e Valencia de Alcántara

Alcarràs, de Carla Simón, Paraíso, de Sérgio Tréfaut, e Donbass, de Sergei Loznitsa, são alguns dos filmes no programa deste festival entre Portugal e Espanha.

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"Alcarràs"

Várias propostas musicais acompanham os filmes em exibição este ano no Periferias - Festival Internacional de Cine(ma) de Marvão e Valencia de Alcántara (Espanha), que arranca esta sexta-feira e prolonga-se até dia 20.

Promovido pela Associação Cultural Periferias, em Portugal, e a Gato Pardo, em Espanha, o festival tem como objectivo contribuir para a descentralização e democratização cultural. “Queremos tornar acessíveis bens e serviços tradicionalmente concentrados nas grandes cidades e que dificilmente chegam às populações rurais”, assinala a organização.

“Acreditamos ser possível, com esta estratégia, implantar localmente uma cultura de cinema que, a médio prazo, permita a criação de um público mais consciente e dotado de um pensamento plural que promova o contacto com a arte, não só como um espaço de ócio, mas como uma plataforma de pensamento crítico que reflicta e interaja com o mundo actual.”

Com uma programação “composta predominantemente por cinema de autor e documentário”, a décima edição conta com cerca de 30 filmes. O arranque acontece esta sexta-feira no Castelo de Marvão, no distrito de Portalegre, com a A Cordilheira dos Sonhos, do realizador chileno Patrício Guzmán, enquanto a música vai estar a cargo do grupo Os Sabugueiros.

No sábado, o programa inclui uma visita ao Museu da Tapeçaria de Portalegre - Guy Fino, seguida da exibição de Vieirarpad, de João Mário Grilo, que retrata a história do casal de pintores Vieira da Silva e Arpad Szenes.

Ainda nesse dia, na antiga estação de comboios de Beirã (Marvão), uma sessão ao ar livre “junta cinema e música com sotaque brasileiro”, com a exibição de Paraíso, de Sérgio Tréfaut, e um concerto da cantora, compositora e violinista Camila Costa.

No domingo, no Cineteatro de Castelo de Vide, é a vez do documentário Um Corpo Que Dança, de Mário Martins, em que se traça o percurso do Ballet Gulbenkian (1965-2005), e de Alcarràs, de Carla Simon, vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim deste ano, exibido na Plaza de la Constitución em Valencia de Alcántara, na Estremadura espanhola.

O festival, que “vem promovendo temas ligados ao mundo rural”, mas também se tem dedicado a questões “na esfera dos direitos humanos, meio ambiente, arte e cultura”, volta-se este ano para a guerra na Ucrânia. O filme Donbass, de Sergei Loznitsa, vai ser apresentado no Cineteatro de Castelo de Vide, no dia 15, seguindo-se a actuação da jovem vocalista de jazz e compositora ucraniana Kateryna Avdysh, no Baluarte da Memória. Ambas as actividades revertem a favor dos Médicos Sem Fronteiras.

Na mesma noite, mas em Mata de Alcántara (Espanha), será exibido Cien Días con la Tata, de Miguel Ángel Muñoz, que retrata os mais de 100 dias que o realizador viveu com a sua tia-bisavó de 95 anos, durante a covid-19, transformando-a numa celebridade do Instagram.

Não Apaguem os Nossos Rastos! Dominique Grange, Uma Cantora de Protesto, de Pedro Fidalgo, Silêncio - Vozes de Lisboa, de Judit Kalmar e Celine Carlisle, A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos, Ar Condicionado, de Fradique, Cinco Lobitos, de Alauda Ruiz de Azúa, Memórias do Contrabando, de Rafaê, filmado na região de Marvão, ou O Leopardo da Neve, de Vincent Munier e Marie Amiguet, com banda sonora composta e interpretada por Nick Cave e Warren Ellis, são alguns dos restantes filmes que compõem o programa.

Entre as actividades paralelas, no dia 18 vai ser apresentado o livro José Afonso - Todas as Canções, com o cantor Francisco Fanhais, presidente da Associação José Afonso, a interpretar alguns dos temas.

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