Jackie Collins, rainha da literatura cor-de-rosa, morreu aos 77 anos

Há seis anos que a romancista lutava contra um cancro da mama.

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Collins escreveu mais de 30 livros Reuters

Todos os livros que escreveu foram best-sellers do New York Times. Romances tórridos, sem tabus e com muito sexo. Jackie Collins, a escritora que nasceu em Inglaterra mas cedo se mudou para os Estados Unidos, morreu neste sábado em Los Angeles aos 77 anos. Há seis anos que lutava contra um cancro da mama.

Era a rainha da literatura cor-de-rosa, cujas histórias sobre a extravagância e o glamour de Hollywood venderam mais de 500 milhões de exemplares em todo o mundo. Ainda as 50 Sombras de Grey não existiam e Jackie Collins já era o nome maior das histórias de amor, tantas vezes eróticas. Foi editada em mais de 40 países.

Ao longo da sua vida escreveu mais de 30 livros, grande parte deles com páginas e páginas de sexo explícito. Começou a escrever na adolescência quando oferecia aos colegas pequenos contos mas foi só aos 30 anos que se estreou na literatura com o romance O Mundo Está Cheio de Homens Casados, em 1968, e logo aí não passou despercebida. Jackie Collins viu a sua primeira obra ser banida da Austrália e da África do Sul por nela descrever uma cena de sexo extraconjugal.

Considerado por muitos como um livro impróprio e até mesmo de fraca qualidade, O Mundo Está Cheio de Homens Casados foi adaptado ao cinema anos mais tarde, em 1979, por Robert Young. Collins assumiu o argumento.

Em Portugal, este romance só foi editado em 1988 pela Europa-América. Foi nesse período, em finais dos anos 1980 e inícios da década seguinte, que grande parte da obra de Jackie Collins foi editada por cá: Estrela do Rock, O Garanhão, Maridos de Hollywood, Mulher de Sucesso, As Vingadoras, Mulheres de Hollywood ou A Milionária – todos com a chancela da Europa-América.

Em 1985, o canal ABC adaptou Mulheres de Hollywood, sobre a vida glamourosa das mulheres que se escondiam atrás das câmaras na indústria cinematográfica, para uma mini-série televisiva com Anthony Hopkins e Candice Bergen.

A irmã mais nova de Joan Collins
Quando criticavam a sua escrita, Collins respondia que era uma “contadora de histórias e não uma escritora literária”. “Nunca o pretendi ser”, dizia várias vezes. Jackie Collins era a irmã mais nova da actriz Joan Collins, hoje com 82 anos. À People, a actriz disse estar “completamente devastada”. “Era a minha melhor amiga. Admiro a forma como ela lidou com isto. Era maravilhosa, corajosa, uma pessoa bonita e eu amava-a.”

Foi com a ajuda da irmã que Jackie chegou cedo ao mundo do cinema, conseguindo alguns papéis pequenos em filmes pouco conhecidos. A romancista chegou a namorar com Marlon Brando, quando estes se conheceram nos anos 1950 numa festa em Hollywood. Uma relação que Jackie Collins tentou manter em segredo por ter na altura apenas 15 anos. “Ele estava no auge da fama e era muitíssimo bonito”, lembrou há uns anos a autora, explicando que receava que, revelando a sua idade aquando do “breve mas fabuloso romance”, Brando enfrentasse uma investigação policial que o poderia levar a uma pena de quatro anos de prisão.

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Jackie e a irmã Joan Reuters

Casou duas vezes e foi ao lado do segundo e último marido, Oscar Lerman, que a autora viveu mais de 25 anos. Lerman morreu em 1992.

Foi em Hollywood que ganhou inspiração para as suas histórias, tantas vezes baseadas em acontecimentos verídicos e em pessoas próximas de Collins. “Nunca senti vergonha por escrever sobre sexo”, disse em 2001 numa entrevista à Associated Press. “Acho que ajudei a vida sexual das pessoas”, continuava. “O sexo é uma força instigadora no mundo e por isso não acho que seja incomum escrever sobre sexo.”

Muitos dos romances de Jackie Collins tinham uma personagem em comum, Lucky Santangelo. O seu último livro, The Santangelos, foi editado em Outubro do ano passado, e era um regresso à família desta sensual e poderosa heroína das suas histórias.

“Ela viveu uma vida maravilhosamente cheia e era adorada pela sua família e amigos e pelos milhões de leitores que entretia há mais de quatro décadas. Era uma verdadeira inspiração para as mulheres na ficção e uma força criativa. Continuará agora a viver através das suas personagens”, lê-se no comunicado que os filhos da escritora enviaram à revista People.

Foi há pouco mais de uma semana que Collins, que manteve a sua luta contra o cancro em privado, deu a última entrevista, afirmando que não se arrependia de nada do que tinha feito. “Agora só quero salvar as vidas de outras pessoas”, contou, explicando que o faria com livros sobre a doença.

Jackie Collins nunca deixou de escrever e estaria a trabalhar em novos projectos. É possível que nos próximos anos cheguem às lojas mais romances da escritora.

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