Joana Craveiro devolve-nos à adolescência que cabia em discos e cassetes

É um espectáculo de teatro em modo de concerto rock, na revisitação de um período em que a música cumpria um papel identitário. Aquilo que Ouvíamos, de 15 a 25 de Junho na discoteca Lux, constrói-se sobre a memória de um tempo em que havia tempo.

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João Paulo Serafim

Há um meme presente em todo e qualquer recanto da internet — famoso entre aqueles nascidos num tempo em que a música não se partilhava em ficheiros —, que coloca lado a lado uma cassete e um lápis, alegando que as gerações presentes / futuras nunca compreenderão a relação entre os dois objectos. Sabemos hoje que, depois do vinil, também as cassetes estão a desbravar o seu próprio revival, mas sobretudo como objecto fetichista, como singularidade hipster, longe de poder ser justificado pela procura de um som mais completo e quente que o vinil pode usar como trunfo num braço-de-ferro com o streaming e com a música em formato digital. Aquilo que o reaparecimento da cassete não pode reanimar, no entanto, é o espírito em que circulava nas décadas de 80 e 90, quando era sobretudo um objecto de partilha das colecções de discos que se multiplicavam e revelavam bandas e álbuns que, até então, não passavam de nomes e títulos que punham o imaginário de cada um a trabalhar e a fantasiar.

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