Metade dos 10 mil minutos de cinema português do projecto FILMar já digitalizados

Iniciativa da Cinemateca Portuguesa, ao abrigo do mecanismo europeu EEA Grants, já permitiu tratar 18 longas-metragens e 77 curtas sobre a temática do mar.

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Camões, de Leitão de Barros, é um dos filmes em digitalização DR

Noventa e cinco filmes portugueses foram já digitalizados pela Cinemateca, o que representa cerca de metade dos 10 mil minutos estipulados no programa de digitalização e preservação FILMar, disse à agência Lusa o coordenador do projecto, Tiago Bartolomeu Costa.

O FILMar é um projecto da Cinemateca Portuguesa, com financiamento europeu de 880 mil euros, iniciado em Fevereiro de 2020 e que tem como missão digitalizar e preservar 10 mil minutos de filmes do cinema português cuja temática esteja relacionada com o mar.

Em três anos de funcionamento foram digitalizados 5720 minutos, referentes a 18 longas-metragens e 77 curtas-metragens, mas "existem muitos títulos já em trabalho que ainda não entram nas contas como concluídos", explicou Tiago Bartolomeu Costa.

O projecto FILMar, que terminará em 2024, conta com verbas através do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), para o qual contribuem a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega.

O objecto do programa é o cinema português que está em depósito no Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM), da Cinemateca Portuguesa, e a par da digitalização está prevista a divulgação dos filmes abrangidos. A intenção é "devolver às comunidades um conhecimento sobre o modo como o cinema contou as suas histórias", lê-se na página oficial da Cinemateca.

Numa parceria com a Noruega, a Cinemateca apresentará a 18 de Abril na congénere de Bergen três filmes já digitalizados: Armazéns Frigoríficos do Porto (1939), de Adolfo Quaresma, A Almadraba Atuneira (1963), de António Campos, e Tráfego e Estiva (1968), de Manuel de Guimarães.

Segundo Tiago Bartolomeu Costa, também "está a ser desenvolvido um programa de intercâmbio para as áreas técnicas entre a Cinemateca Portuguesa e o Norsk Film Institut". Em 2024, o programa FILMar encerrará com uma retrospectiva de cinema português em colaboração com o Norsk Film Institut.

Entre as 18 longas-metragens já digitalizadas estão filmes como O Fauno das Montanhas (1926), de Manuel Luís Vieira; Catembe (1965), de Faria de Almeida; e Até Amanhã, Mário (1993), de Solveig Nordlund. Em processo de digitalização estão já Camões (1950), de Leitão de Barros; Quando o Mar Galgou a Terra (1954), de Henrique Campos; A Fuga (1977), de Luís Filipe Rocha; e Serenidade (1989), de Rosa Coutinho Cabral.

Entre as curtas-metragens, foram já digitalizadas, entre outros, Alfama, a Velha Lisboa (1930), de João de Almeida e Sá; A Invenção do Amor (1964), de António Campos; e Albufeira (1966), de António de Macedo.

A vertente de divulgação dos filmes digitalizados contou, ao longo do último ano, com mais de 30 sessões, em particular com festivais de cinema e em vários casos com cine-concertos, com a interpretação de música ao vivo.

No âmbito do FILMar, a Cinemateca já homenageou este ano a geógrafa Raquel Soeiro de Brito e vai celebrar o centenário do nascimento do realizador, fotógrafo e director de fotografia Augusto Cabrita (1923-1993), "cujas curtas-metragens são um compromisso ético e político que observam e acompanham a transformação social do país".

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