Só esta semana me lembrei da minha mais vaidosa ambição.
No blogue L'obéissance est mort, Tiago F.Duarte, no primeiro dia de Outubro, propôs que se crie um clube de consumidores baseado nas minhas preferências no que toca a comes e bebes.
Isto porque foi à Churrasqueira de Janas e provou, por pouco mais de cinco euros, o melhor frango inteiro grelhado no carvão que é oferecido à humanidade.
Tiago Duarte é um fã sábio de Guy Debord e dos situacionistas. A citação que antecede e abençoa o blogue vem da primeira reunião dos situacionistas internacionais em Junho de 1958, quase dez anos antes do tardio e atrasado Maio de 68: "[A] vitória pertencerá aos que provocarem a desordem sem a amar." Eu cá teria rematado "sem amá-la", mas "amar" é um verbo irresistível.
Tiago Duarte é um situacionista de primeira tinta: nunca me senti tão bem satirizado. Como ele não me lê os pensamentos, confesso já o meu único sonho: servir de exemplo.
Eu queria era deixar de escrever e de trabalhar em geral. Queria ser — esta é a minha ambição mais secreta e convencida — um exemplo. Livros que eu lesse continuamente; cidades onde passasse férias repetidas; restaurantes aonde eu voltasse sempre que pudesse; artistas que eu seguisse... tudo isto seria seguido por câmaras escondidas.
Eu seria então a melhor coisa que se pode ser: um exemplo de como se deve viver, ler e gozar a vida, sem o mais pequeno esforço divulgatório da minha parte.
Nem mais: que mais se pode querer?
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