Sam Simon (1955-2015): morreu o produtor que fez dos Simpsons um sucesso

O anúncio foi feito esta segunda-feira pelo seu agente.

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Sam Simon fotografado em Agosto do ano passado REUTERS/Mike Blake

O nome de Sam Simon não é o primeiro que vem à cabeça quando se falava dos Simpsons, a série que se tornou num dos fenómenos mais duradouros da televisão americana. Lembramo-nos primeiro do cartoonista Matt Groening, que criou o estilo inconfundível das personagens, ou do produtor James L. Brooks, um veterano da televisão e do cinema, autor de Laços de Ternura ou Melhor É Impossível.

Mas para muitos dos argumentistas e produtores ligados à série, a família da cidade ficcional de Springfield não seria o que é sem a intervenção de Sam Simon, que morreu domingo aos 59 anos de idade em Los Angeles, de cancro colo-rectal.

Um dos argumentistas da série, Ken Levine, escreveu em tempos que a verdadeira força criativa da série havia sido Simon - “o tom, a narração, o nível de humor surgiram todos sob a direcção do Sam”, cita a revista Variety no seu obituário. Em 2001, um outro argumentista, Jon Vitti, disse ao New York Times que era “para o Sam que todos escrevíamos”.

Enquanto produtor e co-argumentista, Simon desenvolveu os Simpsons como série autónoma em 1989 com Groening e Brooks, expandindo os interlúdios animados que o desenhador e cartoonista criara para o programa humorístico da actriz Tracey Ullman em 1987. O papel de Simon era o de tornar o estilo visual fora do vulgar e a sátira social verrinosa de Groening num formato que funcionasse ao longo de episódios de 25 minutos em horário nobre. 

Foi ele que instituiu muito do livro de estilo dos Simpsons, insistindo que houvesse um leque alargado de personagens secundárias, que os actores que davam voz às personagens gravassem os diálogos em conjunto no estúdio, e que os argumentistas trabalhassem em equipa. No essencial, eram técnicas que Simon havia aprendido a trabalhar em séries de comédia de sucesso como Taxi e Cheers – Aquele Bar. Curiosamente, os Simpsons trouxeram-no de regresso à animação onde havia começado carreira, nos anos 1970, escrevendo para séries como o Super-Rato e Fat Albert and the Cosby Kids.

No entanto, Simon apenas ficou quatro anos na equipa dos Simpsons, durante as quais ganhou sete prémios Emmy pelo seu trabalho na série e foi co-autor de uma dúzia de episódios. Admitindo que podia ser difícil trabalhar consigo, Simon desentendeu-se repetidamente com Matt Groening - desde o princípio da produção, pois achava que a série era carta tão fora do baralho que seria uma sorte ser renovada para lá da primeira temporada de episódios. A sua saída em 1993 não foi pacífica, mas o acordo financeiro de saída tornou-o rico para lá dos seus sonhos, pois continuou a ser creditado como produtor executivo e a receber direitos de autor pela retransmissão e edição em vídeo da série, que comemorou 25 anos de emissão continuada em 2014. 

A fortuna constantemente renovada com cada novo cheque de royalties permitiu a Simon tornar-se num filantropo. Doou milhões de dólares a organizações de defesa dos animais (como a PETA ou a Sea Shepherd Society, contra a caça às baleias) e criou uma fundação para disponibilizar cães de ajuda a deficientes, com especial atenção aos veteranos de guerra. Ao saber do seu diagnóstico de cancro do colón, decidiu que todo o dinheiro recebido dos royalties dos Simpsons seria doado a causas de caridade. 

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