Teresa Villaverde a concurso em Berlim: Colo é um filme sobre a solidão da crise

O novo filme da cineasta portuguesa estreia-se esta quarta-feira no festival com a presença do Ministro da Cultura. Em conferência de imprensa, Teresa Villaverde falou desta história de uma família em desintegração como um olhar sobre a solidão.

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Colo de Teresa Villaverde © Alce Filmes
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João Pedro Vaz, Alice Albergaria Borges, Teresa Villaverde, Clara Jost e Tomas Gomes em Berlim LUSA/GUILLAUME HORCAJUELO
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Teresa Villaverde LUSA/IAN LANGSDON
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Teresa Villaverde no Festival de Cinema de Berlim LUSA/IAN LANGSDON
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Alice Albergaria Borges e João Pedro Va em Colo de Teresa Villaverde © Alce Filmes
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Teresa Villaverde na conferência de imprensa em Berlim LUSA/IAN LANGSDON
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Alice Albergaria Borges em Colo de Teresa Villaverde © Alce Filmes
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Alice Albergaria Borges em Colo de Teresa Villaverde © Alce Filmes
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"Estou muito contente com este filme," diz Teresa Villaverde na conferência de imprensa que se sucedeu à projecção para a imprensa acreditada de Colo, a entrada portuguesa na competição oficial do festival de Berlim. "É um filme bastante justo no seu tempo, na importância do silêncio. Não quis usar efeitos cinematográficos, porque estávamos a falar das pessoas, da solidão das pessoas." 

Colo, recebido com aplausos discretos, tem estreia mundial esta quarta-feira à tarde em Berlim com a presença do Ministro da Cultura, e acompanha a desintegração de uma família lisboeta afectada pela crise económica. O pai (João Pedro Vaz) está desempregado, é a mãe (Beatriz Batarda) que sustenta a casa, e a filha adolescente (Alice Albergaria Borges) tenta encontrar o seu caminho por entre as novas limitações financeiras. Segundo Villaverde, "neste filme a crise é mais do que económica. É também a crise da família, do pouco tempo que as pessoas têm para viver, para falar umas com as outras. Quis retratar a solidão, e o modo como ela existe dentro de uma estrutura que se deteriora, porque quando existe uma crise económica todos os outros problemas parecem ser exacerbados. Dos meus filmes, talvez este seja aquele onde o silêncio se sente mais. É mais importante aquilo que não se diz, que fica por dizer."

O título do filme - Colo - vem aliás daí. Mas "não sei explicar bem porque lhe quis chamar Colo", explica. "Estamos num momento confuso e precisamos de algo que não sabemos bem o que é." E que pode ser colo, afecto, compreensão, uma mão amiga. Clara Jost, uma das jovens actrizes do filme, fala do investimento na cultura na Europa como algo de importante para ajudar a fazer sentido dessa confusão. "Em Berlim e em Paris, vêem-se imensos cartazes de exposições, concertos, peças de teatro...  Em Portugal não, porque quando não há dinheiro as pessoas deixam de ter tempo para essas coisas, tornam-se secundárias." 

Num filme que gira todo ele à volta do dinheiro, era inevitável que viesse à baila a actual situação do financiamento do cinema em Portugal, bem como a carta aberta relativa às questões dos júris, e que tem vindo a receber da comunidade internacional do cinema uma série de apoios que ultrapassaram todas as expectativas dos seus signatários. "Queria agradecer ao mundo de cineastas, produtores, directores de festivais, jornalistas internacionais que assinaram a carta aberta," disse Teresa Villaverde, mostrando-se reservadamente optimista. "Ciclicamente, temos este problema em Portugal e, de degrau em degrau, vamos conseguindo resolver as coisas. Estou confiante que isto se vai resolver e que vamos conseguir ultrapassar esta situação." 

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