Visitar despido uma exposição no Palais de Tokyo

Um dos mais conhecidos centros de arte contemporânea em Paris organiza primeiro evento naturista em França.

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Cartaz de Anna Wanda Gogusey feito para o evento de 5 de Maio dr

Não sabemos quem vai disputar esta ideia naturista em Portugal, se o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, ou o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto. Qual será o primeiro a inspirar-se na iniciativa do Palais de Tokyo em Paris, marcada para Maio, e organizar uma visita guiada a uma exposição em que é obrigatório estar nu? O que sabemos é que se tornou no "talk of the town" em Paris e os bilhetes, gratuitos, esgotaram em 48 horas. 

Quando visitámos a página do Facebook da Association des Naturistes de Paris (ANP), que organiza o evento, éramos já a pessoa 1.979.641 que nos tínhamos cruzado com a “Grande Visite Naturiste au Palais de Tokyo”, um dos centros culturais de arte contemporânea mais conhecidos da capital francesa. Mais de 150 mil tinham feito um clique, houve 21.867 pessoas interessadas e a visita marcada para 5 de Maio, que só comporta 3145 entradas, esgotou em dois dias, relatam vários meios de comunicação social franceses.

Propõe-se uma visita à exposição Discorde, Fille de la Nuit, que na prática são cinco exposições individuais e uma instalação que querem mostrar o impacto da guerra e dos conflitos na arte contemporânea. A exposição, inaugurada em Fevereiro, mostra obras de Neïl Beloufa, Georges Henry Longly, Massinissa Selmani, Marianne Mispelaëre e Anita Molinero, tendo ainda Kader Attia e Jean-Jacques Lebel a trabalhar em dupla.

“Uma estreia em França e em Paris”, diz a Associação de Naturistas de Paris, apelando a que se faça da iniciativa “um momento histórico para a capital”, porque o objectivo da ANP “é desenvolver o naturismo urbano”. A prática naturista, defendem, não se deve limitar às praias ou aos parques de campismo especiais.

A única discórdia neste relato foi apontada pelo jornal britânico The  Guardian, que sugere que o Palais de Tokyo, depois de ter tido a ideia, tentou sacudir a água do capote, sugerindo que a iniciativa inédita em França se ficou a dever à Associação de Naturistas de Paris. E o centro cultural, acrescenta o Guardian, não publicitou o evento, apoiando-se apenas na divulgação feita pela ANP.

A iniciativa deve ser entendida no quadro da “estratégia de abertura” da instituição cultural, explicou à AFP Dolores Gonzales, responsável pelo serviço de imprensa do centro cultural. O Palais de Tokyo vê a visita de 5 de Maio como um “teste”, embora não haja, para já, nenhuma outra visita semelhante planeada.

O próprio Guardian olhou para os seus arquivos à procura do histórico da ideia e explica que em 2015 a National Gallery da Austrália, em Camberra, organizou uma visita em pelota a uma retrospectiva de James Turrell. Aqui no PÚBLICO lembramo-nos da que em 2013 o Museu Leopold, em Viena, organizou à exposição Homens Nus, que juntava 300 peças que mostravam o tratamento do nu masculino na pintura, escultura e fotografia, de 1800 até à actualidade – embora aqui a própria iconografia da exposição ajudasse.

No dia 5 de Maio, a visita exclusiva para quem já se inscreveu – há lista de espera – começa às 9h30 e vai ser feita por um funcionário do Palais de Tokyo, também nu, antes da abertura normal do centro situado ao pé da Torre Eiffel.

 

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