A calmaria foi breve e já acabou no Sporting

As lágrimas de Jorge Jesus e Marta Soares, o desalento dos jogadores e o regresso dos insultos aos futebolistas.

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Adeptos criticam jogadores após a final da Taça de Portugal perdida para o Desp. AVes LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O olho do furacão é um local extraordinário que transmite uma impressão de calmaria e tranquilidade no meio de uma aparatosa tormenta. O Jamor foi palco de um fenómeno comparável este domingo. Quem circulasse por entre os milhares de adeptos sportinguistas nas imediações e nas bancadas juraria que a serenidade e união imperava no reino do “leão”.

Durou até ao minuto 72’ da final da Taça de Portugal, quando o segundo golo do Desportivo das Aves marcou o regresso das rajadas ciclónicas da crise em que o clube lisboeta mergulhou.

“Vocês são uma vergonha! Vocês são uma vergonha!”, gritou-se no sector norte do estádio onde estavam as claques “leoninas”. Depois começaram a ser atirados objectos das bancadas, chegaram as forças de intervenção e assistiu-se a uma carga policial. Só o golo de Fredy Montero voltou a centrar as atenções no relvado. Seguiram-se momentos de grande emoção, mas o segundo golo dos lisboetas não aconteceu.

O desalento dos jogadores e equipa técnica no relvado, a frustração nas bancadas e o choro copioso de Coates, inconformado com as responsabilidades no segundo golo do adversário. As lágrimas de Jorge Jesus que não conseguiu cumprir uma promessa feita ao pai, de erguer esta taça como treinador do “seu” Sporting. Rui Patrício inconsolável após quase metade de uma vida dedicada a um clube que agora, através da sua figura máxima, acusa-o de falta de respeito para com esse clube e os seus adeptos. Imagens a reter no final de uma das semanas mais trágicas da história do clube.

A festa no Jamor era vermelha e branca, feita por uma equipa quase ignorada nos dias que antecederam esta final, face ao turbilhão noticioso centrado nas desventuras do rival. Após o apito final, ninguém mais calou os milhares de adeptos que deixaram quase vazia a vila do Norte do país. “A maior vila do futebol português”, como se podia ler numa tarja antes do apito inicial.

“Vocês não nos respeitaram”, acusou José Mota, dirigindo-se aos jornalistas já na sala de imprensa, onde chegou com o troféu na mão. Uma sala meia vazia para ouvir o técnico do Desportivo das Aves, em contraste com as atenções merecidas na curta declaração do seu colega Jorge Jesus, instantes antes.

A breve calmaria no olho do furacão “leonino” passou. As lágrimas de Jaime Marta Soares, presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Sporting, ao cumprimentar os seus jogadores quando passaram por ele na bancada (a direcção do clube não permitiu que estivesse na tribuna de honra) antecipam o regresso das nuvens. A crise está para durar.

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