Dan Craven, o homem da barba mágica

O representante da Namíbia no ciclismo correu o contra-relógio com uma bicicleta emprestada, terminou em último e esteve em segundo durante um minuto.

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Dan Craven na prova de estrada Reuters

Ser o primeiro a chegar numa prova de ciclismo é uma coisa boa em 99 (vá lá, 95) por cento dos casos, mas, quando se é o primeiro a chegar numa prova de contra-relógio significa que se vai lá ficar pouco tempo. Dan Craven não chegou a ser primeiro, mas foi segundo classificado durante alguns segundos no “crono” olímpico do Rio de Janeiro. Esteve alguns segundos na cadeira do segundo melhor tempo, depois passou alguns segundos na cadeira do terceiro. Depois, saiu do pódio e desceu um lugar a cada corredor que chegava à meta, até chegar Chris Froome, que fora o último a partir e que seria medalha de bronze. Craven ficaria em 35.º e último. Ele é o homem da Namíbia no ciclismo olímpico e tem uma barba mágica.

Dan foi o último classificado, mas não desistiu, ao contrário do que acontecera na prova de estrada, em que foi uma das muitas vítimas das descidas no circuito da Vista Chinesa. Nem era para ir ao “crono”, mas as muitas baixas no pelotão provocadas por essa prova abriram-lhe uma vaga e criaram-lhe um problema. Mais uma dúvida. Primeiro não tinha trazido bicicleta de contra-relógio. Depois, não podia decidir sozinho. E perguntou aos seus seguidores no Twitter se devia correr. A resposta foi um sim inequívoco. E lá lhe emprestaram uma bicicleta.

DanFromNam é um hipster barbudo com óculos de massa (provavelmente com lentes de vidro normal, sem graduação) que adora redes sociais e está no Rio para se divertir. Tornou-se numa atracção lateral do ciclismo quando a sua conta de Twitter debitava mensagem enquanto Dan estava em cima da bicicleta. “Olá amigos, estou na fuga! Pelo menos, estou a tentar”, foi uma das muitas mensagens em 140 caracteres ou menos que apareciam na conta de DanFromNam. “Vou parar para me aliviar”, “Apetece-me umas tostas. Dou um par de meias minhas a quem me trouxer umas tostas à meta”, foram outros tweets de DanFromNam, o primeiro “livetwitter”/ciclista da história.

Como é que ele fazia isto? A explicação era simples. A barba não era apenas para efeitos decorativos, tinha poderes mágicos que lhe permitiam comunicar com um mundo através das redes sociais. A verdade é bem menos mística. Era a namorada. Mas assim Dan, um ciclista de poucos méritos nascido na Namíbia e filho de um antigo jogador de râguebi sul-africano, ganhou a sua notoriedade. Dá entrevistas, a sua conta no Twitter tem mais seguidores e já teve a sua pequena/grande vitória, foi medalha de prata virtual durante um minuto. Ele e a sua barba.

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