Vontade férrea de Danilo desperta FC Porto para nova goleada

“Dragões” entraram praticamente a vencer, mas demoraram a subjugar um Vitória com demasiadas alterações para disfarçar o desgaste acumulado.

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LUSA/JOSE COELHO

O FC Porto não permitiu grandes veleidades ao finalista vencido da última edição da Taça de Portugal, que ultrapassou nos oitavos-de-final da prova com recurso a nova goleada, desta feita por 4-0, a sublinhar um instinto matador que só a persistência de Danilo despertou, depois de dois ensaios contra os ferros. Solidário com o detentor do troféu na hora da despedida, o V. Guimarães deixou a prova-rainha órfã de finalistas, podendo queixar-se em primeira instância da negligência de Victor García na abordagem ao lance em que cometeu um penálti risível, num gesto que boicotou a ideia proposta por Pedro Martins.

No banco da casa, a cumprir o 200.º jogo como treinador principal, Sérgio Conceição apostou em Casillas (sem surpresa) e manteve Maxi e Reyes numa defesa ainda sem Felipe. A principal novidade no encontro entre os dois últimos finalistas vencidos da prova foi mesmo a inclusão de Corona à esquerda, para render Brahimi. Mas, ao contrário do que o mexicano prometeu em Setúbal, foram raras as situações de desequilíbrio saídas dos pés do avançado.

A estas variações respondeu Pedro Martins com seis novidades, numa escolha influenciada pelo desgaste provocado pelos dois últimos compromissos, com Konyaspor e Feirense. Com Raphinha e Heldon no banco e sem os lesionados Pedro Henrique e Celis, o treinador dos minhotos apostou em Miguel Silva, Moreno, Konan, Francisco Ramos, Hélder Ferreira — autor do golo da vitória sobre o Feirense — e Rincón. Neste contexto, com o Vitória a surpreender também pela abordagem corajosa desde o apito inicial, a eliminatória acabou por ficar indelevelmente marcada pelo penálti de Victor García que Aboubakar transformou em vantagem portista logo aos 12’. Poucos instantes antes, Danilo tinha avisado, com uma primeira bola ao ferro da baliza de Miguel Silva. Antes do intervalo, o internacional português acertaria uma segunda vez no poste, com o jogo do FC Porto a revelar algum défice de velocidade.

Mesmo tendo construído apenas uma situação de golo, que Sturgeon foi incapaz de aproveitar, atirando por cima da barra de Casillas, o Vitória era um adversário incómodo. Uma equipa determinada, mas confusa e desconcentrada, uma presa invariavelmente apanhada na teia portista, com Danilo e Herrera a recuperarem, mas a sentirem também dificuldades para agarrar o adversário pelos colarinhos.

A vantagem conferia alguma tranquilidade ao “dragão”, de certa forma minada pelas hesitações e constantes perdas de bola. Um registo que se alterou depois do intervalo. O V. Guimarães surgia apostado em rectificar e forçou por Sturgeon, que reclamou carga de Marcano na área de rigor. O central espanhol atravessou o corpo para impedir a passagem de Sturgeon que teatralizou demasiado um lance que o árbitro ignorou. O FC Porto aproveitou para logo a seguir dilatar a vantagem, com Danilo a acertar com as redes à terceira tentativa, na sequência de mais um lance de bola parada.

Os minhotos ainda tentaram o golpe de asa com a entrada de Heldon, mas o cabo-verdiano só conseguiu tirar tinta ao poste de um Casillas cada vez mais tranquilo. Mais sorte tinha Sérgio Conceição com a substituição de Ricardo Pereira por André André. O médio acabaria por bisar (64’ e 83’) e resolver com simplicidade a eliminatória que ficou ainda marcada pelo regresso de Óliver Torres, se bem que a noite tivesse pertencido quase por inteiro a Danilo e à vontade férrea do médio portista. O internacional português, que empurrou a equipa para os quartos-de-final da Taça, podia ter ido ainda mais longe e ajudado o FC Porto a conseguir a terceira chapa cinco consecutiva. 

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