Há um ano, a festa do FC Porto não foi assim

Depois da festa descontrolada dos adeptos do Sporting, as perguntas adensam-se: Quem autorizou? A polícia foi permissiva? O clube ajudou? A Câmara Municipal de Lisboa foi conivente? O Governo precaveu-se pouco? As perguntas ainda não têm respostas, mas há algo que já se pode concluir: há um ano, não foi assim.

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PAULO PIMENTA
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19 anos sem um título nacional aguçaram os intentos festivos dos adeptos do Sporting. Foi permitido que a Juventude Leonina montasse dois ecrãs gigantes em Alvalade, para transmitirem o Sporting-Boavista. Era sedução pura a adeptos sedentos de uma conquista.

O ajuntamento de adeptos foi contado pelo PÚBLICO, que confirmou in loco que o distanciamento social foi, na pré-festa, um conceito esquecido. Confirmado o título, a festa prolongou-se no tempo e no espaço: o Marquês de Pombal também foi palco de ajuntamento.

Nesta quarta-feira, as perguntas adensam-se: Quem autorizou? A polícia foi permissiva? O clube ajudou? A Câmara Municipal de Lisboa foi conivente? O Governo precaveu-se pouco? Estas perguntas ainda não têm respostas cabais – essas esperam-se nas próximas horas –, mas há algo que já se pode concluir: há um ano, não foi assim.

Polícia controlou “dragões"

O momento pandémico era outro (ainda que a 15 de Julho de 2020 os casos activos até estivessem abaixo dos actuais), bem como o receio da população e o estado de alerta do país – agora não há estado de emergência e existe um sentimento geral de maior liberdade. As diferenças de contexto são claras, mas justificam tudo?

Em 2020, o FC Porto foi impedido de desfilar pela “invicta”, os festejos da equipa foram feitos no Estádio do Dragão e foi montado um cordão policial que impediu ajuntamentos na zona da Alameda.

Mais tarde, nos Aliados, os adeptos do FC Porto começaram a juntar-se. Distanciamento social e máscaras não estiveram sempre presentes, mas houve, em geral, controlo de ajuntamentos.

Confira o relato do PÚBLICO em Julho de 2020: “No Dragão, o forte contingente policial manteve os adeptos mais destemidos à distância, alargando o perímetro, isolando o clássico (…) mesmo assim, os portistas não resistiram à tentação. Muitos esqueceram os apelos das autoridades de saúde, arriscando mais um pouco. Impedidos de invadir a Alameda, enquanto muitos se mantiveram firmes para assistir à saída da equipa, a maioria dirigiu-se para o centro da Invicta”.

“Nos Aliados, as emoções seguiam à boleia dos muitos carros que, inevitavelmente, se acumulavam nos acessos à sala de visitas da cidade, ainda que o cenário estivesse longe de poder competir com as enchentes de outras romarias. Contudo, apesar de todos os cuidados para evitar concentrações, rapidamente se percebeu que a “bolha” de segurança oferecida pelos carros seria abandonada, criando uma atmosfera mais próxima do que seria normal, com a multidão a ganhar contornos cada vez mais preocupantes”.

“Depois de cancelado o S. João, o desejo de desforra e de poder ficar mais um pouco era o grande argumento. Mas a dispersão não tardaria, até porque o cortejo da equipa estava fora de questão, tendo o único contacto com os jogadores sido feito à saída do Dragão, sempre com naturais restrições”.

A polícia acabou, no final da noite, por dispersar à força um grupo de cerca de 200 adeptos.

Em 2020, os festejos portistas foram controlados pelas autoridades. E previstos também. Jamila Madeira, então secretária de Estado da Saúde, tinha até deixado um pedido antes do título portista: “Este ano, a celebração do campeonato terá de ser feita de uma forma contida. O lado efusivo tem de passar para uma perspectiva doméstica”.

Também a própria directora-geral da Saúde, Graça Freitas, abordou o tema nessa altura. “Circunstâncias de comemorar um campeonato ou outra efeméride qualquer são exactamente as mesmas devem seguir as recomendações internacionais e as pessoas têm de evitar ajuntamentos e utilizar máscaras. O vírus continua a circular em Portugal”.

Em 2021, o vírus ainda continua por cá. O que mudou? Mudou o estado de alerta do país, mudou o receio da população e mudou, sobretudo, a conivência de quem autorizou tudo isto.

Sporting como o Liverpool

Os excessos da festa “leonina” são a réplica de algo que aconteceu no ano passado com o Liverpool. Em 2020, o clube inglês interrompeu um “jejum” de 30 anos sem ser campeão. 

Na altura, não houve pandemia que fechasse em casa os adeptos dos “reds”, com cachecóis guardados há três décadas. Recorde as imagens dos festejos dos ingleses.

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