Portugal voltou a ganhar combates, falta voltar a ganhar medalhas

Sergiu Oleinic e Joana Ramos eliminaram os seus primeiros adversários, mas caíram frente aos segundos. Na segunda-feira, será o dia de Telma Monteiro iniciar a sua quarta participação olímpica.

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Toru Hanai/Reuters

O primeiro objectivo português no judo olímpico já está cumprido. Depois do fracasso total em Londres 2012, sem uma única vitória para amostra, Sergiu Oleinic e Joana Ramos entraram em acção triunfando nos respectivos primeiros combates, mas saíram derrotados na segunda vez que subiram aos tatami do Arena Carioca, onde se disputa o torneio de judo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Objectivo mínimo cumprido, mas com sabor a pouco, tanto para o estreante olímpico Oleinic, como para a repetente Ramos.

O sorteio tinha sido pouco favorável para Oleinic na categoria de -66kg. O luso-moldavo iria ter pela frente o ucraniano Georgii Zantaria, antigo campeão do mundo da categoria e um dos favoritos na luta pelas medalhas. Depois de garantir uma vantagem mínima no início do combate, Oleinic segurou todas as investidas do ucraniano, esteve à beira da penalização, mas os cinco minutos esgotaram-se e o judoca do Sporting estreou-se nos Jogos a abater um dos mais cotados.

Depois viria um adversário, no papel, mais acessível, o dominicado Wander Mateo, e, se Oleinic passasse, teria garantido, pelo menos, o acesso às repescagens para a medalha de bronze. Não esteve longe. Na verdade, esteve a um segundo de o fazer. Ainda durante o tempo regulamentar, com os dois judocas empatados em penalizações, Oleinic conseguiu imobilizar Mateo durante nove segundos e, se tivesse chegado aos dez, teria pontuado com yuko. O dominicano conseguiu libertar-se, não houve pontuação e o combate seguiu para “golden score”.

De novo equilíbrio, mas com um erro que foi fatal para o português. Um ataque falhado de Oleinic e Mateo puxou-o para o tapete, pontuando com ippon. A derrota surpreendente esvaziou o brilharete do primeiro combate e a frustração de Oleinic passava pelo facto de que ninguém se irá lembrar que ele bateu um dos melhores do mundo ou que ficou a um segundo dos “quartos”. “Ninguém se vai lembrar do que fiz. Ter uma nação a puxar por nós faz-nos mover montanhas. Desta vez não consegui e peço desculpa. Não tenho uma medalha para as pessoas se lembrarem de mim e não quero acabar a carreira sem uma dessas medalhas”, lamentou.
Joana imobilizada

Em paralelo com os -66kg decorria no Arena Carioca a prova de -52kg femininos e Joana Ramos também estava a ter boas sensações. Começou com uma adversária que não lhe causou grandes problemas, a judoca do Burundi Antoinette Gasongo. Foi um combate bastante tranquilo para a atleta do Sporting, que venceu a africana ao obter um ippon por imobilização, aos 2m32.

Joana quebrava o enguiço de Londres, onde perdera logo no primeiro combate, e parecia lançada para a redenção olímpica, mas não resistiu à chinesa Yingnan Ma. A asiática dominou o combate e acabou por vencer com um ippon por imobilização, acabando com a segunda aventura olímpica da portuguesa de 34 anos, que levou algum tempo até sair do balneário e falar com a imprensa. Mas, quando chegou, até abriu as suas declarações com uma piada. “Primeiro, quero dizer que a chinesa não era um rapaz”, garantiu a judoca, referindo-se ao cabelo muito curto da adversária.

“Não estava fora do meu alcance, tanto que eu já lhe ganhei numa final de Grand Slam [em Tiumen, na Rússia, em 2015]. Dei tudo durante a preparação e não podia estar melhor. Ela surpreendeu-me com um movimento que não é normal. Tentei sair com todas as minhas forças e a única coisa que lamento é de não voltar uma terceira, uma quarta e uma quinta vez”, resumiu Joana Ramos, que não abre nem fecha portas quanto ao seu futuro naquilo que mais gosta de fazer: “Em 2012 perguntaram-me a mesma coisa e eu não tinha respostas. Não sei o que vou fazer amanhã. Não posso planear sobre a minha carreira. Terminou um ciclo, mas isto é o que eu mais gosto de fazer e enquanto eu me sentir feliz vou continuar a lutar.”

A aventura portuguesa em busca de mais uma medalha no judo olímpico — o bronze alcançado por Nuno Delgado, em Sydney 2000, continua a ser a única — prossegue já hoje com aquela que será a melhor aposta para que tal aconteça, Telma Monteiro, que vai iniciar a sua quarta participação olímpica consecutiva (começou em 2004) para tentar, na categoria de -57kg, a medalha que lhe falta no seu extenso currículo internacional — a judoca benfiquista está isenta na primeira ronda. Nuno Saraiva, por seu lado, vai estrear-se nos Jogos defrontando, em -73kg, um forte candidato à medalha de ouro, o húngaro Miklos Hungvari, vice-campeão olímpico em Londres.

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