Um peso saiu das costas de João Pereira

Triatleta português foi quinto classificado em Copacabana, a escassos nove segundos da medalha de bronze. Alistair Brownlee renovou o título olímpico do triatlo e o seu irmão conquistou a medalha de prata

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João Silva no momento em que deixava a água para começar o sector do ciclismo TOBY MELVILLE/Reuters

Ao longo de toda a prova do triatlo olímpico no Rio de Janeiro, o português João Pereira carregou mais peso do que os seus adversários. O triatleta português confessou no final que o quinto lugar obtido em Copacabana “foi como tirar uma mochila de dez anos de trabalho”, referindo-se ao apuramento falhado por pouco para Londres 2012. Mas esse lastro de quilos de frustração e treinos não travou João Pereira, que se mostrou imparável na corrida – iniciou o derradeiro segmento da prova em 17.º lugar e cortou a meta em quinto, a 51 segundos do vencedor e a escassos nove da medalha de bronze.

A estreia olímpica não podia ter deixado João Pereira mais satisfeito: “Quando encarei esta prova era para o 'top-8', e ficar a nove segundos do bronze é algo que me deixa bastante contente. Na recta da meta eu via o bronze, mas sabia que era difícil. Eu já ia no limite. Para conseguir uma medalha precisamos de ter melhores condições de trabalho”. “Tenho bastante trabalho pela frente. Entrei na alta competição só com 18 anos, e de ano para ano ainda estou a evoluir. Daqui a quatro anos quero, pelo menos, igualar este resultado. Com bem menos pressão e bem mais confiança”, acrescentou o triatleta.

No dia em que passaram exactamente oito anos sobre a medalha de prata de Vanessa Fernandes no triatlo em Pequim 2008, João Pereira foi o melhor português numa prova em que João Silva (nono classificado em Londres 2012) terminou na 35.ª posição, a 6m32s. O outro representante nacional no triatlo da praia de Copacabana foi Miguel Arraiolos, que foi 44.º a 8m34s. “Fiquei triste, apanhei um mau posicionamento na bicicleta e depois houve uma queda no grupo em que seguia. Acabei por ter sorte em não ter caído e depois disso fiz o meu melhor”, desabafou João Silva.

Sem surpresa, no pódio estiveram os dois irmãos Brownlee. Alistair, campeão em Londres 2012, renovou o título e viu Jonathan conquistar a prata (há quatro anos teve de contentar-se com o bronze). Os dois concluíram o segmento de 1,5 quilómetros de natação no grupo da frente e forçaram o andamento durante os 40 quilómetros de bicicleta para afastarem a concorrência. O lote de dez triatletas que seguia na frente começou a desfazer-se durante a corrida, até só restarem os dois irmãos britânicos na liderança. Na terceira das quatro voltas a um circuito na marginal de Copacabana, Alistair deixou Jonathan para trás e acelerou para o segundo ouro olímpico – é o primeiro triatleta a renovar o título na modalidade que desde 2000 integra o programa olímpico.

“Sentia-me confiante. Tínhamos treinado até aos nossos limites. Queríamos conquistar ouro e prata há quatro anos e, desta vez, conseguimo-lo. Encorajamo-nos um ao outro. Ver o meu irmão mais novo chegar poucos segundos depois de mim é fenomenal. É muito satisfatório”, confessou Alistair, que completou a prova em 1h45m01s. Ainda a algumas dezenas de metros da meta, o britânico começou a sorrir, recebeu uma bandeira da Grã-Bretanha e abrandou o andamento enquanto esperava pelo seu irmão. Atravessou a meta a passo, seis segundos antes de Jonathan. “Estou habituado a ser vencido pelo Alistair, mas consegui fazer melhor do que em Londres, quando conquistei o bronze. Tenho-me treinado melhor do que ele e, se tivesse sido um final ao sprint, poderia ter vencido. Talvez daqui a quatro anos, quando ele estiver mais velho, mais lento e com cabelos brancos”, previu o mais novo dos Brownlee.

Desta vez, o bronze ficou para o sul-africano Henri Schoeman, que fez a estreia olímpica no Rio 2016 e foi o primeiro atleta daquele continente a obter uma medalha nesta prova. “Não há palavras para descrevê-lo. Não há nada melhor do que o sentimento de ter uma medalha ao pescoço. Estou entusiasmado e orgulhoso. Dei um motivo de orgulho a África”, frisou. O espanhol Mario Mola, apontado como um dos favoritos ao pódio na ausência do seu compatriota Javier Gómez Noya, ficou-se pelo oitavo lugar a mais de um minuto do vencedor.

 

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