Michael Phelps duvida de finais com toda a gente “limpa”

“Não sei se alguma vez terei estado numa final em que toda a gente estivesse ‘limpa’”, disse o atleta olímpico mais medalhado de sempre.

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Foi o adeus definitivo de Phelps, com suspeitas do norte-americano sobre doping na natação MARTIN BUREAU/AFP

Agora sim, foi mesmo o adeus. Michael Phelps deu uma última conferência de imprensa no Rio de Janeiro, para fazer o rescaldo da noite em que conquistou a 28.ª medalha olímpica da carreira, a 23.ª de ouro, na prova de 4x100m estilos. O nadador norte-americano falou da família, disse que quer continuar ligado à natação, e mesmo a terminar vincou a necessidade de mudanças no combate ao doping.

“Algo tem de mudar. Não só a natação, mas todos os desportos, têm de pensar no que se está a passar. Há crianças que olham para os atletas como exemplos, e eles têm o dever de competir limpos. Quem não o faz deve pagar o preço. É preciso haver uma resposta dura. Alguém tem de fazer uma mudança. Não sei se alguma vez terei estado numa final em que toda a gente estivesse limpa”, afirmou Michael Phelps.

Foi a resposta que encerrou a conferência de imprensa que a “Bala de Baltimore” deu neste domingo, na qual voltou a mostrar-se orgulhoso pelo seu percurso na natação: “Esta noite dormi, em Londres (quando se retirou pela primeira vez) não consegui dormir muito. Não é que esteja aliviado, mas sinto-me contente pela forma como a minha carreira terminou. E isso não é algo que pudesse dizer em Londres. Era assim que queria ter-me retirado há quatro anos. Fico feliz por ter regressado, teria ficado muito frustrado se não tivesse feito isto. Quando fui fazer o primeiro aquecimento, antes de meter os óculos, não consegui evitar começar a chorar. (emociona-se) Estou orgulhoso, e não poderia dizê-lo há quatro anos.”

“Vou guardar os 200m mariposa aqui no Rio de Janeiro como talvez a melhor corrida da minha vida”, confessou Phelps, desdramatizando a hipótese de um dia alguém bater o seu recorde de medalhas. “Gostaria de ver alguém superar-me, é disso que o desporto é feito. Se acontecer, aconteceu. Os recordes são feitos para ser batidos. Há-de acontecer, não sabemos é quando”, disse.

“Terminei de competir, mas isto não significa o fim da minha carreira. É o início de algo novo. Esta foi a última vez que me viram na água a competir”, prosseguiu Phelps, que vai dedicar-se ao ensino da natação com o seu treinador de sempre, Bob Bowman: “Vai ser diferente. Vou ter de aprender a ser paciente. Quero sempre que as pessoas percebam as coisas à primeira. Será um processo de aprendizagem para mim. Mas a natação vai fazer parte da minha vida para sempre.”

Phelps também falou do assalto de que foram vítimas Ryan Lochte e outros três nadadores da equipa norte-americana na madrugada de domingo: “Fiquei perplexo. Não sei muitos detalhes. O comité olímpico e a federação garantem sempre a segurança. Já vim ao Brasil várias vezes e nunca me senti inseguro.”

“A minha família é a coisa mais importante do mundo. Ter filhos é algo de que eu e a Nicole falávamos há muito tempo. O Boomer cresceu muito. Ontem à noite mudei-lhe a fralda. Ele sorriu para mim e fiquei com lágrimas nos olhos. Vê-lo a sorrir para mim... é algo que quero vê-lo fazer muitas vezes de agora em diante. Quero brincar com ele, quero levá-lo àbola, quero ajudá-lo a concretizar os sonhos. Quero estar lá em todos os momentos, não quero perder nada”, concluiu Phelps.

Depois levantou-se e, em jeito de despedida, atirou enquanto saía: “Foi a última vez, não vão voltar a ver uma destas durante muito tempo. Até à vista!”

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