O primeiro dia do resto da vida do Sporting

Neste sábado, no Altice Arena, em Lisboa os sócios “leoninos” votam pela destituição ou manutenção de Bruno de Carvalho à frente dos destinos do clube. Formulação da pergunta gerou polémica. Segurança será equivalente a um jogo de alto risco.

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Os sócios do Sporting vão votar o futuro do Sporting António Pedro Santos/Lusa

Shakira na próxima quinta-feira, Pat Metheny no dia seguinte, Lenny Kravitz no primeiro dia de Julho e Ozzy Osbourne no segundo. Esta é a agenda carregada do Altice Arena para a próxima semana, mas o evento que o recinto do Parque das Nações, em Lisboa, irá receber neste sábado promete ser longo e de emoções fortes. A partir das 14h, os sócios irão reunir-se em Assembleia Geral (AG) para votar pela destituição ou não de Bruno de Carvalho da liderança dos “leões”. Apesar de poder estar lá na condição de sócio (foi suspenso das funções de presidente do Conselho Directivo), Bruno de Carvalho já disse que não irá para não legitimar órgãos que considera serem ilegais.

E como no actual momento do Sporting nada é simples, ao final da tarde de sexta-feira, em declarações à TVI, Jaime Marta Soares, presidente ainda em funções da Mesa da Assembleia Geral (MAG) dizia que a realização da AG estava em perigo devido a uma chantagem de Bruno de Carvalho sobre o conteúdo dos boletins de voto. “Neste momento a realização da AG está em perigo por chantagem de Bruno de Carvalho. Ou o boletim é como ele quer, ou não há funcionários. Ele está a fazer chantagem”, afirmava o presidente da MAG. Só que, logo de seguida, afirmou que vai “engolir sapos” e aceitar as exigências do presidente do Sporting quanto a alterações no boletim de voto que vai ser entregue aos sócios do clube.

Não estando lá neste sábado, Bruno de Carvalho tem feito passar a sua mensagem através de múltiplas intervenções públicas, entre publicações nas redes sociais e longas declarações transmitidas no canal oficial do clube. Ao longo do dia de ontem, Bruno de Carvalho foi publicando várias mensagens no Facebook em que, entre outras coisas, voltava a apontar Marta Soares, José Maria Ricciardi e a Holdimo como agentes principais do que considera ser uma “golpada”, para além de referir que, apesar da sua suspensão do cargo de presidente do clube, continuava a trabalhar na preparação dos plantéis de várias modalidades, incluindo o futebol — “estamos a acabar as negociações por um médio, um extremo e um ponta-de-lança”.

Acontecendo a AG, volta, então, a estar nas mãos dos sócios do Sporting a continuidade de Bruno de Carvalho como líder do clube, mas acontece em circunstâncias bem diferentes das eleições de Março de 2017 que lhe deram um segundo mandato (com 86% dos votos) e da AG extraordinária de Fevereiro passado em que foi o próprio Bruno de Carvalho a sufragar a sua presidência juntamente com a proposta de alteração de estatutos e criação de um regulamento disciplinar (em ambas as votações venceu de forma esmagadora). Se, nas duas ocasiões, era um líder unânime entre os sócios e alinhado com todos os órgãos sociais, à entrada para esta AG é o líder de uma direcção reduzida a sete elementos, sem Conselho Fiscal e Disciplinar e com a Mesa da Assembleia Geral liderada por Jaime Marta Soares como ponta-de-lança de uma oposição que o pretende derrubar.

De acordo com os estatutos em vigor, uma maioria absoluta dos votos (50% mais um) entre os sócios presentes bastará para tomar uma decisão em qualquer um dos sentidos. E se o sentido for o da destituição, Bruno de Carvalho já disse que irá aceitar os resultados e que não irá recandidatar-se, mas deixa a porta aberta para contestar um eventual “sim” à destituição. Só “se tudo naquela Assembleia Geral for fidedigno” é que Bruno de Carvalho não irá contestar o seu resultado.

Segurança apertada

Esta AG, que se espera de enorme afluência por parte dos sócios “leoninos” (há quem fale da presença de 20 mil sócios), está a ser tratada pelas forças de segurança como se fosse um jogo de “alto risco” ou um espectáculo como o que geralmente acontece no Altice Arena. Serão adoptadas, diz a PSP, várias medidas de segurança para o evento, como o “controlo de acessos” e a “implementação de um perímetro de segurança para facilitar a gestão de filas”, mas também a presença de agentes no interior da Altice Arena. E, tal como faz para os jogos de “alto risco, a PSP pede aos sócios “leoninos” para evitar transportar “malas, mochilas e outros objectos proibidos, nomeadamente objectos contundentes, armas e engenhos pirotécnicos”.

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