A prova mais longa do programa olímpico do atletismo, a de 50km marcha, realizada na manhã desta sexta-feira num circuito de 2km plano, teve no eslovaco Matej Tóth o seu grande vencedor, dado que foi aquele que soube melhor lidar com as dificuldades adicionais do calor e humidade, que significaram tempos finais mais lentos do que é habitual nas maiores competições desta distância e muitas dificuldades para os atletas.

As dificuldades do evento foram paradigmáticas no caso do maior favorito, o recordista mundial francês Yohann Diniz, o tal atleta que para festejar o seu título europeu de 2014 o fez com uma bandeira portuguesa em homenagem às sua raízes. Diniz comandou isolado desde o tiro de partida e sempre com largo avanço acabaria por parar praticamente a metade da prova, devido a problemas intestinais. Voltou ao evento quando foi apanhado pelo canadiano Evan Dunfee, e mais adiante, depois de uma outra pequena paragem, teve um desfalecimento brutal, caindo quase inanimado no asfalto. Porém, teve ainda capacidade para recomeçar e com mais uma ou outra paragem acabou por chegar à meta, arrasado, em sétimo lugar. Diniz constituiu-se como uma imagem brutal do esforço que significa marchar a alto ritmo 50km quando a envolvência meteorológica não é favorável.

Quando começaram os problemas de Diniz emergiu na frente o australiano Jarred Tallent, o campeão olímpico de Londres retrospectivo, após a desqualificação do russo Sergey Kirdyapkin. Tallent já tinha medalhas globais e outra olímpica, de prata em Pequim, e, desta feita, parecia poder chegar ao ouro no próprio local da competição. Porém, um forcing final de Matej Toth viria a mudar as coisas, e o eslovaco assim que chegou a par de Tallent nem pestanejou, fugiu de imediato para se impor em 3h40m58s.

Toth foi mesmo quem se mostrou mais fresco após a chegada, dado que todos os seus imediatos tombaram no solo e muitos tiveram de receber assistência. Tallent guardou a medalha de prata, com 3h41m16s, e o terceiro a atingir a meta, depois de se livrar da companhia de Evan Dunfee, foi o japoês Hiroki Arai, sendo desqualificado depois, o que permitiu que a medalha de bronze fosse para o canadiano (3h41m38s). Yu Wei acabou como melhor chinês, em quarto (3h43m00s), e o brasileiro Caio Bonfim, depois do quarto lugar nos 20km do dia inaugural do atletismo, ontem voltou a ficar nos dez melhores, com a oitava posição.

João Vieira, Pedro Isidro e o estreante Miguel Carvalho formaram o trio português presente na competição. João Vieira, recordista nacional, desistiu cedo, Pedro Isidro acabou em 31.º, com 4h03m42s, e Miguel Carvalho foi 35.º, com 4h08m16s. De início os dois andaram juntos, a certa altura Miguel Carvalho arriscou mais e deixou Pedro Isidro para trás, mas na parte final, fiel à sua estratégia habitual, Isidro começou a passar concorrentes e acabaria à frente do seu colega.

Terminaram 48 marchadores, fechando o grupo o sérvio Predrag Filipovic a quase uma hora da frente, desistiram 19 atletas e 13 foram desqualificados.