Bolsa penaliza empresa que gere ponte Morandi

Concessionária de infraestruturas rodoviárias e aeroportuárias, da qual a família Benetton é accionista, chegou a desvalorizar mais de 10% na praça de Milão.

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Viaduto Polcevera na auto-estrada A10, na cidade de Génova, colapsou hoje, por volta das 12h Reuters/STRINGER

O grupo italiano Atlantia, que controla a Autostrade per l'italia, empresa gestora e responsável pela manutenção da ponte Morandi, desvalorizou quase 11% na praça de Milão, tendo o regulador da bolsa italiana decidido suspender a negociação na reacção do mercado à queda da infra-estrutura, ocorrida cerca das 12h. Foi a maior perda diária (“intraday”) registada pelas acções do grupo nos últimos 10 anos, que encerrou a sessão a desvalorizar 5,4%, nos 23,54 euros, de acordo com a Bloomberg.

Em comunicado citado pelo site El Español, a companhia dona de 88% da Autostrade explicou que a ponte que ruiu em Génova, que data de 1967, estava a ser sujeita, desde Fevereiro, a trabalhos de manutenção. E garantiu que “o trabalho e o estado do viaduto estavam a ser submetidos a observação e constante e à supervisão das autoridades de Génova”. Acrescentou ainda que “as causas do colapso irão ser analisadas em profundidade, tão brevemente quanto seja possível aceder de forma segura aos locais”. 

Expressando “condolências pelas vítimas do colapso do viaduto Polcevera na auto-estrada A10” e agradecendo às entidades que estão a proceder aos trabalhos de salvamento pelo seu “trabalho extraordinário”, a gestão da Autostrade adiantou ainda durante esta tarde que estava em contacto com as autoridades locais para aferir como reconstruir esta parte da infra-estrutura na forma mais “rápida, eficiente e segura possível”, noticiou a Reuters.

Segundo o relatório e contas de 2017 da Autostrade per l'italia, a empresa tem origem em 1950, altura em que foi criada a Autostrade - Concessioni e Costruzioni Autostrade SpA. Quando em 1999, momento em que era já uma concessionária rodoviária de âmbito nacional em Itália, a Autostrade foi privatizada, altura em que a entidade Istituto per la Ricostruzione Industriale foi substituída por “um grupo estável de accionistas hoje liderado pela Edizione Srl”, uma “companhia controlada pela família Benetton”.

Em 2003, quando o grupo decidiu separar activos entre concessões rodoviárias e outros negócios, dispersou parte deles na bolsa de Milão. Hoje, a Atlantia, é detida em 30,35% pela “holding” da família Benetton e tem 45,46% disperso no mercado de capitais. Tem presença internacional, com a concessão e/ou gestão de “5000 quilómetros de auto-estradas em Itália, Brasil, Chile, Índia e Polónia” e “cinco aeroportos na Europa”, “dois em Roma e três na Côte d’Azur”. A espanhola Abertis (accionista da portuguesa Brisa até 2012) foi a última compra da Atlantia, em aliança com o grupo de construção espanhol ACS. 

Segundo a informação disponível no site oficial, o grupo fechou o ano de 2017 com receitas consolidadas de “quase seis mil milhões de euros e um EBITDA [resultados antes de juros, impostos, depreciação e amortização] de perto de 3,7 mil milhões de euros. No final de 2017 a capitalização bolsista era de 21,7 mil milhões de euros. Ontem, a “holding” encerrou a valer 20,55 mil milhões de euros.

A espanhola Abertis (que foi accionista da portuguesa Brisa até 2012) foi a última compra da Atlantia, em aliança com o grupo de construção espanhol ACS, por 18 mil milhões de euros - um negócio aprovado por Bruxelas em Julho passado.

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