Câmara do Porto quer 23 milhões de fundos comunitários para Mercado do Bolhão

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano do Porto prevê também que o antigo Matadouro Municipal venha a ser dotado de espaços de incubação de empresas, estúdios de novos media, lazer, investigação, gastronomia, arte contemporânea e residências

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No próximo mês e meio, será proibido subir a rua Sá da Bandeira Paulo Pimenta

A requalificação do Mercado do Bolhão, no Porto, está avaliada em 27,086 milhões de euros, mas a Câmara espera obter financiamento comunitário de 23,023 milhões, revela o plano preparado pela autarquia para a candidatura ao Portugal 2020.

O documento, a que a Lusa teve acesso, chama-se “Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano do Porto (PEDU) – Versão da Candidatura Submetida ao Programa Operacional Regional Norte 2020” e vai ser apresentado ao executivo numa reunião extraordinária agendada para quarta-feira.

Em Abril, quando apresentou o projecto de recuperação do imóvel, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, explicou que queria candidatar o projecto a fundos comunitários, mas que a reabilitação avançava independentemente disso.

A obra relacionada com o edifício está avaliada em 20 milhões de euros, mas nesta candidatura a fundos comunitários a Câmara contabilizou todos os gastos previstos, nomeadamente com a recuperação da envolvente do mercado e a instalação de um mercado provisório para os comerciantes do Bolhão.

Os 27 milhões de euros incluem, ainda, a construção de um túnel de oito metros de largura e quatro de altura entre as ruas do Ateneu Comercial e Alexandre Braga, de acesso ao piso técnico do futuro Mercado do Bolhão.

No PEDU, a Câmara aponta 2015 como o “ano de início” da recuperação do Mercado.

O documento descreve o Bolhão como um “edifício municipal cuja intervenção o município considera de enorme prioridade, salvaguardando o seu papel de âncora comercial e vivencial no centro da cidade e contribuindo como factor de atractividade de novos residentes”.

Suportado por andaimes desde 2005 devido ao alegado risco de ruína, o mercado do Bolhão, no Porto, teve um primeiro projecto de requalificação em 1998 e foi objecto de muitas promessas eleitorais, mas nunca nada saiu do papel.

Durante os três mandatos de Rui Rio (PSD) na Câmara do Porto, o mercado foi alvo de duas tentativas frustradas de reabilitação.

No fim de 2011, Rui Rio anunciou não poder avançar com o projecto orçado em 20 milhões de euros sem uma comparticipação substancial de fundos comunitários

Nas autárquicas de 2013 o edifício transformou-se na prioridade dos vários candidatos à Câmara do Porto, com Rui Moreira, o independente eleito presidente, a defender uma concessão a privados, um projecto “exequível em 12 meses” e um novo mercado aberto em 2015.

Matadouro vai ter gastronomia, arte, empresas e investigação
A Câmara do Porto pretende dotar o antigo Matadouro Municipal de espaços de incubação de empresas, estúdios de novos media, lazer, investigação, gastronomia, arte contemporânea e residências, transformando o equipamento numa âncora da revitalização da zona de Campanhã, lê-se também no PEDU.

“Este polo deverá configurar-se como alavanca da regeneração urbana da envolvente imediata, designadamente em articulação com os projectos de requalificação previstos para a Praça da Corujeira e para o espaço público que liga ambos. Adicionalmente, espera-se que os efeitos de difusão se alarguem a toda a área oriental da cidade, claramente marcada por um contexto socioeconómico vulnerável”, explica a autarquia no PEDU.

No documento, descreve-se que o novo equipamento “deverá articular múltiplas valências”, nomeadamente “espaços de co-working e de incubação, estúdios de novos media, polo de lazer e de investigação de desporto, museu da indústria, nave multiusos com plateia retractiva, laboratório de gastronomia e restaurante, depósito visitável de colecções de arte contemporânea e residências para participantes nas actividades das diferentes áreas”.

A isto soma-se uma “nave terminal onde se deverão cruzar as diversas disciplinas artísticas com o tecido e as praticas sociais da área envolvente”.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, revelou no sábado à Lusa que a iniciativa Cultura em Expansão, que leva eventos culturais aos bairros da cidade, vai continuar “com mais força” e ter uma componente de “programação permanente” no antigo Matadouro Municipal.

O PEDU nota que se pretende criar no Matadouro “um polo de inovação e de criação, com uma capacidade de atracção, seja no que respeita aos profissionais seja ao nível dos visitantes que se estende a toda a cidade e ao espaço metropolitano”.

De acordo com a Câmara, é na envolvente do antigo Matadouro e Praça da Corujeira que “se concentram a maioria das unidades industriais desactivadas da cidade, de grande dimensão, que hoje tem uma utilização residual ou se encontram totalmente abandonadas, estando portanto muito aquém do seu potencial de uso, bem como da capacidade de estímulo à regeneração urbana de toda a envolvente”.

Para a zona daquele equipamento, a autarquia planeou, ainda “operações de reconversão da estação de recolha da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) e da Fábrica A invencível”.

Na rubrica do PEDU destinada à Reconversão de Espaços Industriais Abandonados, o município incluiu o projecto de requalificação do quarteirão da Companhia Aurifícia, junto à Praça da República.

Para a Câmara, trata-se de uma “propriedade privada cuja reconversão pode vir a assumir impacto significativo no seio do sector mais poente do eixo central da cidade histórica, ligada ao sistema Praça da República, rua Mártires da Liberdade e Praça Coronel Pacheco”.

 

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