Porto vai ter uma rua ou praça com o nome de José Mário Branco

Depois da aprovação no executivo, também a Assembleia Municipal votou com unanimidade a atribuição do nome do músico e compositor a uma rua ou praça da cidade

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José Mário Branco nasceu no Porto a 25 de Maio de 1942 Manuel Roberto

A Assembleia Municipal do Porto aprovou esta segunda-feira, por unanimidade, o voto de pesar a José Mário Branco e a atribuição do nome do músico a uma “rua ou praça” da cidade. “Se de José Mário se quiser dizer, de dizer-se há de ficar rouco, e de tudo e tanto se dizer, se dirá pouco (...) Indo agora inquietar para outro lado, de repente, sem aviso, de surpresa, naquele seu jeito exemplar de nunca ficar calado, deixou-nos um recado por lapidar: inteireza”, disse o deputado socialista Gustavo Pimenta, que apresentou o voto de pesar.

A este momento, que integrava a recomendação dos socialistas de “atribuir a uma rua ou praça da cidade” o nome de José Mário Branco, todos os grupos municipais se associaram. No voto de pesar, também apresentado pelo Bloco de Esquerda, o deputado Joel Oliveira lembrou o músico que “deixou marca na cultura portuguesa e em várias gerações de artistas”, um “legado cultural que ultrapassa as fronteiras nacionais”, salientou. Também o deputado da CDU Rui Sá salientou “a coerência” do músico: “José Mário Branco era profundamente coerente, podendo estar ou não estar de acordo com aquilo que defendia, temos de reconhecer que ele defendia com convicção e coerência as suas ideias e esta é uma característica que marca o seu carácter”, afirmou.

Antes do minuto de silêncio, o deputado do movimento Rui Moreira: Porto, o Nosso Partido Miguel Gomes lembrou a homenagem prestada ao músico ainda em vida, com a atribuição do “seu nome a uma das tílias na Avenida das Tílias”.

A atribuição do nome do músico e compositor a uma rua ou praça já havia sido votada em reunião de câmara, também por unanimidade, no mesmo dia em que o movimento de Rui Moreira apresentou uma moção onde pedia também uma rua ou praça para o 25 de Novembro. Essa proposta acabaria aprovada, com votos contra do PS e CDU. 

Nascido no Porto a 25 de Maio de 1942, José Mário Branco é considerado um dos mais importantes autores e renovadores da música portuguesa, com discos gravados antes do 25 de Abril de 1974, quando estava exilado em França, onde chegou em 1963, por recusar participar na guerra colonial. Em Paris, colaborou com músicos como Sérgio Godinho e José Afonso. O trabalho de José Mário Branco estendeu-se também ao cinema e ao teatro.

Regressado a Portugal, após a revolução de 1974, foi fundador do Grupo de Acção Cultural (GAC), fez parte da companhia de teatro A Comuna, fundou o Teatro do Mundo, a União Portuguesa de Artistas e Variedades, fez arranjos e produziu discos de outros artistas, como Camané e Amélia Muge. No início dos anos 60, militou no PCP e foi preso pela polícia política PIDE, antes do exílio em França.

Depois do 25 de Abril, José Mário Branco passou ainda pelo PCP(R) e pela UDP, da qual foi fundador, o que é destacado no voto de pesar hoje aprovado, que menciona que foi “eleito membro do seu Conselho Nacional em 1980” e que mais tarde “apoiou a criação do Bloco de Esquerda, em 1999, do qual foi dirigente, integrando a Mesa Nacional”.

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