Avião da AirAsia poderá ter sido encontrado no mar perto da ilha de Bornéu

Destroços estarão entre 30 a 50 metros de profundidade. Pistas indicam que avião terá atingido o mar intacto. Mau tempo dificulta buscas.

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O trabalho das equipas de buscas foi interrompido por causa do mau tempo REUTERS/Darren Whiteside
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Ainda assim foi possível resgatar mais alguns corpos REUTERS/Darren Whiteside
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Militares aguardam que o tempo permita retomar as buscas REUTERS/Beawiharta

A equipa de buscas que procura pelos destroços do avião A320-200 da AirAsia desde domingo acredita que poderá ter encontrado o corpo do avião no mar perto da ilha de Bornéu, avançam as agências nesta quarta-feira. O avião desapareceu no domingo, quando voava entre a cidade indonésia de Surabaya, na ilha de Java, e Singapura, transportando 162 pessoas, incluindo sete tripulantes.

“Está a cerca de 30 a 50 metros de profundidade”, disse nesta quarta-feira Hernanto, responsável pela agência de Surayaba que está a realizar as buscas, citado pela agência Reuters, referindo-se à fuselagem que foi encontrada no fundo do mar. O aparelho terá sido identificado primeiro pelos sonares usados nas buscas. Perto do local já tinham sido encontrados outros destroços do avião.

Já foram recuperados sete corpos das vítimas, segundo a Reuters. O número referido pela agência AFP é de apenas seis. Os primeiros caixões já chegaram, entretanto, ao aeroporto.

“Não há nenhuma vítima que tenha sido encontrada com o colete salva-vidas”, disse Tatang Zaenudin, responsável pela agência nacional de buscas e resgates. “Encontrámos um corpo às 8h20 da manhã e um colete salva-vidas às 10h32, por isso existe uma diferença temporal. Esta é a informação mais recente que temos”, explicou. O mesmo responsável tinha dito mais cedo à agência Reuters que tinha sido encontrado um corpo com o colete salva-vidas colocado. 

De acordo com a Reuters, a descoberta de um corpo com um colete apoiaria a ideia de que o avião teve uma perda de sustentação durante o voo e caiu no mar, já que pelo menos uma pessoa a bordo teria tido tempo para colocar o colete de salva-vidas durante a queda. E, por outro lado, afastaria a teoria de que o avião se partiu ao meio, ainda no ar, devido à tempestade que fustigava aquela região no dia do acidente. Além disso, alguns dos cadáveres encontrados estavam com a roupa, o que apoia a primeira teoria.

“O facto de os destroços aparecerem bastante concentrados sugere que o avião se partiu quando bateu na água, e não no ar”, disse Neil Hansford, ex-piloto e presidente da consultora Strategic Aviation Solutions, citado pela Reuters.  

Mas estes dados não respondem a uma questão essencial. Por que é que não houve um pedido de ajuda por parte da tripulação?

O voo QZ8501 partiu na madrugada de domingo (5h20 hora local, 21h20 hora de Lisboa) do Aeroporto Internacional de Juanda, junto a Surayaba. Entre tripulantes e passageiros (145 adultos, 16 crianças e um bebé), levava 155 indonésios, três sul-coreanos, um malaio, um britânico, um signgapurense e um co-piloto francês.


Aos 49 minutos de uma viagem de duas horas, o avião pediu autorização ao controlo de tráfego aéreo indonésio para virar à esquerda e subir em altitude – dos 9800 para os 11.600 metros – devido a uma forte tempestade que assolava o mar de Java. O desvio foi imediatamente acedido pela torre de controlo, mas a subida não, devido a um avião que estava a passar por cima. Passado alguns minutos a torre de controlo queria dar luz verde para a subida do avião mas já não obteve resposta.

“A nossa preocupação é examinar as caixas-negras que deverão estar nas partes do avião que já encontrámos”, sublinhou Bambang Soelistyo, director da agência nacional de buscas e resgates, numa conferência de imprensa, citado pela AFP. Nas caixas-negras estão os registos de voz da tripulação e de dados de voo.

Devido ao mau tempo, nesta quarta-feira a equipa de resgate já teve de parar a busca dos corpos dos passageiros e tripulantes. “Enfrentamos mau tempo. A chuva e o vento impediram o recomeço das operações de busca esta manhã”, que tinham ficado suspensas durante a noite, declarou à AFP S. B. Sypriyadi, coordenador responsável pelo apoio aéreo às buscas. Há centenas de socorristas, militares e agentes da polícia entre as equipas de busca que contam com 30 navios, 15 aviões e sete helicópteros.

Em terra, as famílias das vítimas do acidente esperam por notícias sobre a operação de busca. O ADN dos familiares está a ser usado para se identificarem os corpos recuperados. Hadi Widjaja prepara o funeral muçulmano para o seu filho, Andrea, e da sua enteada, Enny Wahyuni, que estavam no voo QZ8501. “Espero ansiosamente por saber se recuperaram os seus corpos. Mas se não forem recuperados, vou deitar flores aqui no mar, para me despedir”, disse o sexagenário de Surabaya à AFP.

O Presidente da Indonésia, Joko Widodo, explicou que a sua prioridade é agora recuperar os corpos. “Sinto uma grande perda por este desastre e rezo para que as famílias tenham coragem e força”, disse na terça-feira em Surabaya, depois de serem divulgadas imagens do local dos destroços.

A AirAsia, com sede na Malásia, é a maior transportadora aérea low cost da Ásia, detida por Tony Fernandes, e nunca tinha tido nenhum acidente.

O ano de 2014 está a ser negro para as companhias aéreas da Malásia. Há dez meses o voo MH370 da Malaysia Airlines desapareceu quando voava entre Kuala Lumpur e Pequim, com 239 pessoas. As autoridades da Austrália e da Malásia ainda estão à procura dos destroços do Boeing 777-200. Em Julho, um segundo aparelho da Malaysia Airlines foi derrubado quando sobrevoava o Leste da Ucrânia - transportava 298 pessoas.
 

Notícia actualizada às 14h50 com a informação sobre o corpo encontrado que, afinal, não tinha colete salva-vidas.

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