Comprador rejeita carga do primeiro navio a sair da Ucrânia: 26 mil toneladas de milho sem destinatário

Comprador libanês rejeita a carga, queixando-se do atraso de cinco meses na entrega. O Razoni espera agora por nova solução para deixar produto.

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Cargueiro ficou sem comprador para o milho durante a viagem Reuters/MEHMET CALISKAN

O Razoni, primeiro cargueiro a sair de um porto ucraniano com um carregamento alimentar após o início do conflito, está, neste preciso momento, à procura de um comprador para a carga e um local para a deixar. De acordo com as informações reveladas esta segunda-feira pela embaixada da Ucrânia no Líbano, o comprador libanês a quem os cereais se destinavam queixa-se de um atraso de cinco meses na entrega, rejeitando receber as 26.527 toneladas de milho a bordo do cargueiro.

“O navio está agora à procura de outro consignatário para descarregar a carga, seja no Líbano/Tripoli [segunda maior cidade no Líbano] ou em qualquer outro país/porto”, escreve a embaixada num post no Facebook acompanhado por uma foto do cargueiro Razoni.

A complexidade nesta viagem espelham a dificuldade que representará para a Ucrânia voltar a montar a cadeia de distribuição de cereais. Citada pela Bloomberg, uma porta-voz do ministro da economia libanês, Amin Salam, adianta que o Governo não está directamente envolvido nesta matéria, visto que a carga de cereais se destinava para um comprador no sector privado. Também as Nações Unidas – entidade que criou as condições para que o navio saísse do porto de Odessa em condições satisfatórias para russos e ucranianos – não vão interferir neste assunto.

O Razoni saiu da Ucrânia na semana passada com um carregamento de 26.527 toneladas de milho e deveria ter chegado ao Líbano no domingo. Contudo, devido a este imbróglio, a embarcação foi obrigada a mudar de rota e está agora ancorada na costa Sul da Turquia.

Entretanto, o ministro ucraniano das infra-estruturas confirmou a chegada em segurança de um barco que carregou milho à Turquia, naquela que é a primeira embarcação com bens alimentares a completar uma entrega desde o início da guerra. Há, no total, dez embarcações que já saíram de portos ucranianos com bens alimentares.

Para o Razoni, a frustração de uma entrega falhada é ainda maior quando se pensa nas semanas de negociações e na dificuldade do percurso: o cargueiro teve de seguir coordenadas divulgadas pelas autoridades ucranianas, de modo a evitar as minas navais colocadas no Mar Negro, factor que preocupava os engenheiros navais a bordo.

Esta viagem seria a oportunidade perfeita para muitos dos tripulantes conseguirem reunir-se com as famílias, depois de meses retidos no porto de Odessa. Tal como dezenas de outras embarcações, o Razoni chegou à Ucrânia antes do início da invasão russa, recebendo apenas agora uma “luz verde” para atravessar o Mar Negro.

Aguarda-se agora por uma solução que permita escoar o milho transportado pelo cargueiro com bandeira da Serra Leoa.

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