Manafort vai passar sete anos na prisão e enfrenta novo processo

Ex-director de campanha de Donald Trump foi condenado esta quarta-feira num segundo processo, relacionado com as investigações do procurador especial Robert Mueller. E soube que foi acusado em mais um caso, desta vez em Nova Iorque.

Foto
Paul Manafort Yuri Gripas/Reuters

Paul Manafort, o antigo director de campanha de Donald Trump, foi condenado esta quarta-feira a seis anos e um mês de prisão por duas acusações de conspiração, relacionadas com as investigações sobre a suspeita de interferência russa nas eleições presidenciais de 2016. A sentença segue-se a uma outra conhecida na semana passada, em que Manafort foi condenado a seis anos e nove meses de prisão por fuga aos impostos e fraude bancária.

No total, o experiente consultor político vai passar seis anos e nove meses na prisão, após feitas as contas nos dois processos. Já cumpriu nove dos 47 meses a que foi condenado na semana passada; e 30 dos 73 meses a que foi condenado esta quarta-feira vão ser cumpridos em paralelo com a pena decretada na semana passada.

Logo após a sentença desta quarta-feira, o procurador Cyrus Vance, de Manhattan, anunciou a acusação formal de Paul Manafort num terceiro processo, por fraude imobiliária para ganhar “milhões de dólares”. É acusado de falsificar as contas da sua empresa para obter empréstimos de milhões de dólares de dois bancos.

Este novo caso, em Nova Iorque, não pode vir a ser alvo de um perdão do Presidente Trump por ser um processo estadual – ao contrário da sentença anunciada esta quarta-feira, que se refere a uma acusação federal.

Manafort foi arrastado para o centro das investigações criminais sobre as suspeitas de conluio entre a campanha eleitoral de Trump e o Governo da Rússia durante as eleições presidenciais de 2016. Essa investigação é liderada pelo procurador especial Robert Mueller desde Maio de 2017.

No decorrer das investigações, a equipa de Mueller descobriu que Manafort escondeu das autoridades norte-americanas milhões de dólares ganhos como consultor de Viktor Ianukovich, antigo Presidente da Ucrânia e próximo de Vladimir Putin.

Para além disso, foram reunidas provas de mais crimes relacionados com a sua actividade como consultor político e outros cometidos na sua vida pessoal, como parte da estratégia para o convencer a colaborar com as investigações sobre a Rússia.

Essa estratégia deu origem a dois processos: um por fraude bancária e evasão fiscal, por ter enganado bancos com declarações de impostos fraudulentas para obter empréstimos avultados; e outra por conspiração, lavagem de dinheiro, obstrução da Justiça e trabalhar como lobista durante uma década sem ter declarado essa actividade.

Ao ler a sentença, esta quarta-feira, a juíza Amy Berman Jackson não poupou críticas ao comportamento de Manafort: “É difícil exagerar o número de mentiras, de fraudes e de dinheiro envolvido. Não há dúvidas de que o réu sabia muito bem o que estava a fazer.”

À saída do tribunal, o advogado do antigo director de campanha de Donald Trump disse que a juíza tinha deixado claro que não foram encontradas provas de conluio com a Rússia. Mas lá dentro, durante a leitura da sentença, Amy Berman Jackson tinha sublinhado que o processo não estava sequer relacionado com essa acusação.

A abertura das investigações sobre o Presidente Trump e a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016 vieram a resultar na queda em desgraça de Manafort, uma figura de destaque nos corredores do Partido Republicano desde a década de 1970 – foi conselheiro nas campanhas dos presidentes Gerald Ford, Ronald Reagan e George Bush.

Na década de 1980 fundou uma empresa de lobby juntamente com Roger Stone, um velho amigo de Donald Trump e também ele envolvido nas investigações do procurador Mueller.

Foi através dessa empresa que Manafort trabalhou para figuras como Viktor Ianukovich, mas também para o antigo líder da UNITA, Jonas Savimbi, e Ferdinand Marcos, ex-Presidente das Filipinas.

Ao todo, a equipa do procurador Mueller já apresentou acusações formais contra 34 pessoas, incluindo Roger Stone e Rick Gates, adjunto de Manafort na campanha mas que acabou por ser a principal testemunha contra ele.

O resultado final das investigações vai ser apresentado ao responsável pelo Departamento de Justiça nos próximos dias ou semanas. Os opositores de Trump esperam que o relatório inclua provas de conluio com a Rússia para prejudicar a campanha de Hillary Clinton e de obstrução da Justiça.

Seja qual for o resultado, esse relatório só será tornado público se o attorney general assim o decidir, mas o Congresso terá direito a conhecer um resumo do documento. É a partir desse relatório que a liderança do Partido Democrata na Câmara dos Representantes decidirá se abre, ou não, um processo de destituição contra o Presidente Trump.

Sugerir correcção
Comentar