Israel aplaude saída dos EUA do Conselho dos Direitos Humanos da ONU

O Estado judaico acusa órgão das Nações Unidas de ser hipócrita e hostil a Israel.

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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu LUSA/RONEN ZVULUN / POOL

Israel congratulou-se nesta quarta-feira com a saída dos Estados Unidos do Conselho dos Direitos Humanos da ONU. A retirada é justificada por Washington com a acusação de que este órgão das Nações Unidas tem um preconceito anti-Israel, posição agora aplaudida pelo Governo de Benjamin Netanyahu.

"Israel agradece ao Presidente Trump, ao secretário [de Estado, Mike] Pompeo e à embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, pela corajosa decisão contra a hipocrisia e as mentiras do chamado Conselho de Direitos Humanos da ONU", refere um comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

"Ao longo dos anos, o Conselho dos Direitos Humanos provou ser uma organização anti-Israel, hostil, que traiu a missão de defender os Direitos do Homem”, sustenta o comunicado.

O Conselho foi criado em 2006 para promover e proteger os direitos humanos em todo o mundo, e os relatórios muitas vezes contrariam as prioridades dos EUA. Em Maio, anunciou a abertura de uma investigação sobre a conduta do exército israelita na repressão dos protestos palestinianos em Gaza, junto à fronteira com Israel, que levaram à morte de mais de uma centena de palestinianos. 

O alto-representante das Nações Unidas para os direitos humanos, Zeid Raad al-Hussein, considerou nessa altura a acção das forças israelitas “totalmente desproporcionada”, acrescentando que há “poucas provas” de que as autoridades tenham tentado minimizar o número de vítimas. Os EUA defenderam que Israel actuou com "moderação".

Desde a chegada do republicano Donald Trump à Casa Branca, no início de 2017, os Estados Unidos retiraram-se da Unesco, cortaram o financiamento americano para várias agências da ONU e anunciaram a retirada do acordo de Paris sobre o clima e do acordo nuclear com o Irão apoiado pelas Nações Unidas.

A Administração Trump deu aliás vários sinais claros de que a defesa dos direitos humanos não é a sua prioridade, a começar pelo bom relacionamento que tem tido com líderes autoritários, recusando interpelá-los relativamente a violações da liberdade nos seus países. 

A saída dos Estados Unidos do Conselho dos Direitos Humanos não é a primeira posição do género dos norte-americanos. Há 12 anos, o governo do republicano George W. Bush boicotou o funcionamento daquele organismo, até que o democrata Barack Obama decidiu que o país voltaria a participar.

 

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