Morreu o antigo chanceler alemão Helmut Schmidt

Líder da antiga República Federal da Alemanha entre 1974 e 1982, Schmidt consolidou a recuperação económica do país no pós-guerra. Tinha 96 anos.

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Helmut Schmidt tinha 96 anos Fabian Bimmer/Reuters
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Com o diregente da Alemanha do Leste Erich Honecker em Dezembro de 1981 CHRIS HOFFMANN/DPA/AFP
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Com o dirigente soviético Léonid Brejnev em Novembro de 1981 AFP
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Helmut Schmidt, Ronald Reagan, Pierre Elliott Trudeau, François Mitterrand, Margaret Thatcher e Giovanni Spadolini em Julho de 1981 GEORGES BENDRIHEM/AFP
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Com o ex-presidente francês, Valery Giscard d'Estaing, em Abril de 2013 FRANZISKA KRAUFMANN/AFP
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Com a chanceler Angela Merkel em Julho de 2012 Thomas Peter/Reuters

Helmut Schmidt, chanceler da antiga República Federal da Alemanha entre 1974 e 1982 e um dos mais importantes líderes europeus da segunda metade do século XX, morreu esta terça-feira, em Hamburgo, aos 96 anos de idade.

Ao longo da década de 1970, primeiro como ministro da Defesa e ministro da Economia, mas principalmente como responsável pela pasta das Finanças e chanceler, Schmidt ajudou a recolocar a Alemanha no topo dos países mais influentes e poderosos do mundo, prosseguindo, ao mesmo tempo, uma política de aproximação com a Europa de Leste e de alinhamento com os Estados Unidos e a NATO.

Pragmático na condução da política externa e mais liberal em termos económicos do que era comum no seu Partido Social Democrata (SPD), de centro-esquerda, Helmut Schmidt promoveu no país a ideia de que o Estado social só poderia subsistir num modelo de mercado capitalista.

A relação próxima que manteve com Giscard D'Estaing, então Presidente francês, foi um dos pilares em que assentou o aprofundamento da integração europeia – Schmidt e D'Estaing foram fervorosos defensores da união monetária e da criação de um banco central europeu, e foram fundamentais para consolidar o Conselho Europeu, onde se reúnem os chefes de Estado e de Governo da União Europeia.

Schmidt governou a Alemanha Ocidental durante os anos de maior actividade terrorista da Facção do Exército Vermelho, o movimento guerrilheiro mais conhecido como Baader-Meinhof, em relação ao qual adoptou sempre uma postura inflexível.

O pulso forte contra o Baader-Meinhof e o facto de ter conseguido manter a Alemanha Ocidental a salvo do descalabro económico que outros países tiveram de enfrentar na sequência da crise do petróleo, no início da década de 1970, valeram-lhe até aos últimos dias o reconhecimento como um dos maiores líderes do pós-guerra – numa sondagem da revista Stern, em 2013, foi mesmo considerado o chanceler mais influente depois da II Guerra Mundial, com 25% dos votos, à frente de Konrad Adenauer (23%), Willy Brandt (18%) e Helmut Kohl (17%).

Apesar de ter sido reeleito em 1980 para um segundo mandato (depois de ter subido ao poder na sequência da demissão de Willy Brandt, em 1974, e de ter vencido as eleições de 1976), a recessão económica e a subida da taxa de desemprego começaram a fazer-se sentir pouco tempo depois, e Helmut Schmidt viu-se debaixo de fortes críticas tanto da ala mais à esquerda do seu partido como dos seus parceiros de coligação, o Partido Liberal Democrata (FDP), de centro-direita. Venceu uma moção de confiança em Fevereiro de 1982, mas em Setembro do mesmo ano o FDP quebrou a coligação e deixou os sociais-democratas a governar em minoria – em Outubro, o Parlamento aprovou uma moção de rejeição e Helmut Schmidt conheceu o extremo oposto do protagonismo que teve durante a década anterior, tornando-se no primeiro chanceler a cair às mãos do Parlamento desde o fim da II Guerra Mundial.

Recordado por uma série de declarações frontais mas controversas e fumador inveterado, Schmidt deixou um conselho à nova geração de políticos numa entrevista ao jornal Bild, quando celebrou 90 anos de idade: "É preciso ter vontade. E cigarros."

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