Alemanha confirma primeiro caso de contágio entre humanos na Europa. Hong Kong corta ligações à China continental

Alemão de 33 anos contraiu o novo coronavírus após contacto com uma colega de trabalho proveniente da China.

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Voluntários desinfectam a rua em Qingdao, província de Shandong EPA
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Um homem de máscara na rua em Pequim WU HONG/EPA
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Cidadãos de máscara na zona de Sanlitun, em Pequim WU HONG/EPA
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Um militar de máscara guarda o portão de Tiananmen, em Pequim CARLOS GARCIA RAWLINS/Reuters
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Militares de máscara junto ao portão de Tiananmen, em Pequim CARLOS GARCIA RAWLINS/Reuters
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Um funcionário de máscara na estação de autocarros junto ao aeroporto internacional de Pudong, em Xangai. Os transportes públicos foram suspensos entre as províncias chinesas ALY SONG/Reuters
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Cidadãos de máscara às compras num supermercado, em Pequim TINGSHU WANG/Reuters
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Seguranças verificam a temperatura de um cliente à entrada de um supermercado, em Pequim TINGSHU WANG/Reuters
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Clientes de máscara entram no elevador de uma loja da cadeia de supermercados Hema Fresh, da multinacional chinesa Alibaba, em Pequim TINGSHU WANG/Reuters
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Um médico mede a temperatura corporal de um homem na zona de embarque do aeroporto internacional de Changsha Huanghua, na província chinesa de Hunan THOMAS PETER/Reuters
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Uma ambulância circula numa ponte vazia em Wuhan, província de Hubei, onde surgiu o surto do novo coronavírus. A cidade de Wuhan já foi colocada em quarentena pelas autoridades YUAN ZHENG/EPA
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Um funcionário totalmente protegido desinfecta a equipa que irá seguir numa ambulância no centro de urgências em Wuhan YUAN ZHENG/EPA
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Os médicos usam fatos de protecção e termómetros para medir a temperatura corporal aos passageiros na estação de metro de Xizhimen, em Pequim CARLOS GARCIA RAWLINS/Reuters
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A chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou em conferência de imprensa a suspensão das ligações entre Hong Kong e a China continental - todos os participantes estavam de máscara JEROME FAVRE/EPA
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Passageiros de máscara no metro em Pequim CARLOS GARCIA RAWLINS/Reuters
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Polícias e médicos medem a temperatura aos passageiros a bordo de um avião no aeroporto de Zhoushan, na província chinesa de Zhejiang EPA
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Cidadãos de máscara no metro em Pequim CARLOS GARCIA RAWLINS/Reuters
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Um funcionário mede a temperatura de um passageiro numa estação de metro em Pequim CARLOS GARCIA RAWLINS/Reuters

A Alemanha confirmou esta terça-feira o primeiro caso de contágio pelo coronavírus num cidadão europeu que não viajou para a China. O alemão, de 33 anos, terá ficado infectado depois de ter tido uma reunião com uma colega chinesa em visita ao país, explicaram as autoridades da Baviera, onde o cidadão está hospitalizado, citadas pelo El País. Segundo a AFP, os exames confirmaram o contágio esta segunda-feira à noite.

A mulher chinesa que infectou o paciente alemão é natural de Xangai e terá “começado a sentir-se mal no voo de regresso a casa, a 23 de Janeiro”, afirmou Andreas Zapf, do departamento de saúde da Baviera.

Também já se registaram dois outros casos de contágio entre humanos fora da China: um no Vietname e outro no Japão, com as autoridades nipónicas a confirmarem esta terça-feira o primeiro caso de contágio no país.

Entretanto, a China elevou esta terça-feira para 106 o número de mortos causados pelo coronavírus detectado em Wuhan. O número de novos casos também aumentou para 1300 e o mais recente balanço indica a existência de 4000 infectados.

Os últimos dados levaram Hong Kong a adoptar uma nova estratégia para tentar evitar a propagação da doença. Carrie Lam, chefe do executivo local, anunciou na noite de segunda-feira a suspensão das ligações por barco e comboio e a redução para metade dos voos de e para a China continental. A emissão de autorizações de entrada no território a partir da China está igualmente suspensa. 

“O fluxo de pessoas entre os dois locais tem de ser reduzido drasticamente”, afirmou Carrie Lam, citada pelo South China Morning Post.

Face ao aumento de casos, vários países estão a tentar arranjar forma de retirar os nacionais da China — e Portugal é um deles. 

Na província de Hubei, onde a epidemia começou, o novo coronavírus já matou mais 24 pessoas e infectou 1291. Não se registaram ainda mortos fora da província de Hubei e as autoridades chinesas estão a concentrar os esforços nessa província, enviando quase 6000 médicos para a zona. Um total de 4130 médicos, integrados em 30 equipas, já chegaram e começaram a trabalhar, disse Jiao Yahui, um responsável da Comissão Nacional de Saúde, durante uma conferência de imprensa realizada em Pequim, acrescentando que mais 1800 chegarão até o final desta terça-feira. As primeiras equipas foram enviadas da cidade de Xangai e da província de Guangdong na sexta-feira.

O mais recente balanço indica que já são mais de 4000 os infectados confirmados na China. Além do território continental da China, também foram reportados casos de infecção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, França, Alemanha, Austrália e Canadá.

Voos fretados para retirar cidadãos estrangeiros

A região de Wuhan encontra-se em regime de quarentena, situação que afecta 56 milhões de pessoas. A quarentena, determinada pelo Governo chinês como medida para evitar a transmissão deste novo coronavírus, cancelou a maioria dos transportes aéreos e terrestres de longo curso de Wuhan para fora. 

Esta terça-feira, o Governo japonês informou que irá enviar um voo charter para Wuhan para retirar 200 dos 650 cidadãos nipónicos que se encontram naquela que foi a cidade epicentro da epidemia. “O lado chinês informou-nos que agora está pronto para aceitar um voo fretado. O primeiro voo para o aeroporto de Wuhan partirá esta noite e também levaremos outro tipo de ajuda”, disse Toshimitsu Motegi aos jornalistas, citado pela agência Lusa.

Os EUA seguem-lhe os passos, com um voo planeado para a noite desta quinta-feira — ainda que existam dúvidas se os horários serão cumpridos, escreve o jornal The Guardian. Também a Coreia do Sul e França querem retirar os seus cidadãos do território chinês ainda esta semana, mas estão a estudar as possibilidades junto das autoridades chinesas. 

O mesmo acontece em Portugal: o Governo português quer retirar os cerca de 20 nacionais retidos em Wuhan por via aérea, recorrendo a um avião civil fretado, que leve estes portugueses “directamente para Portugal”. Equaciona-se a hipótese de realizar a operação em conjunto com outros países da União Europeia, dentro do mecanismo de solidariedade europeu, previsto para este tipo de situações.

Na Filipinas, por outro lado, optou-se pela suspensão dos vistos de e para a China — uma medida “temporária” e que visa reduzir o “influxo de viagens em grupo” da China, que é o segundo maior mercado de turistas para as Filipinas. Outros países, como os EUA ou o Reino Unido estão a pedir aos seus cidadãos que evitem todas as viagens não-essenciais à China.

O Governo português reforça esse conselho: “Nas presentes circunstâncias, desaconselham-se neste momento, e até que a situação actual seja revista pelas autoridades chinesas, viagens não essenciais à China, não apenas pelos eventuais riscos de saúde mas também pelas presentes limitações na circulação dentro do país”, lê-se no Portal das Comunidades.​

Portugueses em Wuhan estão saudáveis

A directora-geral da Saúde disse na segunda-feira que os portugueses a viver em Wuhan, a cidade chinesa de onde é originário o novo coronavírus, “estão saudáveis”. “À partida, tanto quanto sabemos, eles [os cidadãos portugueses a viver em Wuhan, na China] não estão com sintomas, nem com sinais de doença. Estão saudáveis e estão bem. Virão [para Portugal] como qualquer outro passageiro assintomático”, afirmou à agência Lusa Graça Freitas.

Graça Freitas explicou que, “como eles vêm do epicentro da doença”, à chegada a Portugal será feita uma “pequena história clínica, para perceber se estiveram em contacto com doentes” infectados com o novo coronavírus ou se estiveram em contacto com animais. “[Se estes cidadãos não apresentarem sintomas] ficamos a saber para onde vão, ficamos com o contacto deles, damos o contacto das autoridades de saúde da área de residência para, se nos próximos dias desenvolverem sintomatologia, poderem contactar essa autoridade de saúde”, prosseguiu a responsável da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

Na eventualidade de algum destes portugueses desenvolverem sintomas, deverão contactar as autoridades de saúde recomendadas pela DGS, indicar se tiveram contacto com outras pessoas fora da residência, com doentes ou animais e poderá também ser pedida “alguma precaução de isolamento social”.

Graça Freitas explicou ainda que haverá protocolos de saúde completamente diferentes se “eles estiverem doentes já lá [em Wuhan]” ou se exibirem sintomas a bordo do avião. “Podem embarcar lá sem sinais, nem sintomas e desenvolver os sinais e sintomas a bordo. Também há um protocolo para isso”, referiu, esclarecendo que tal passará por o comandante do avião alertar as autoridades de saúde em terra e esses doentes serem retirados.

O que se sabe sobre o vírus?

O vírus, apelidado pela OMS como 2019-nCoV, é uma forma de coronavírus que ainda não tinha sido observada em humanos. Os sintomas mais comuns incluem febre, tosse e dificuldades respiratórias. Em casos mais graves a infecção pode causar pneumonia, síndrome respiratória aguda grave, falha renal ou até a morte, de acordo com a OMS.

Os coronavírus são “transmitidos entre animais e humanos”. “Investigações detalhadas mostraram que o SARS-CoV foi transmitido entre gatos-civeta e humanos e o MERS-CoV de camelos dromedários para humanos”, explica a OMS.

As comparações com a síndrome respiratória aguda grave (mais conhecida como SARS) são quase inevitáveis e saem fortalecidas depois da análise ao genoma deste novo coronavírus, que demonstrou ser mais semelhante à SARS do que a qualquer outro coronavírus. O último surto de SARS começou no Sul da China e foram registados mais de oito mil casos em todo o mundo. Cerca de 800 pessoas morreram entre 2002 e 2003. Desde 2004 que não há registo de nenhum novo caso a nível mundial e a comunidade médica considera a SARS erradicada. Os sintomas de SARS são comuns a outras infecções respiratórias virais: febre, calafrios, dores musculares, tosse e dificuldades respiratórias.

As autoridades chinesas admitiram que a capacidade de propagação do vírus se reforçou. As pessoas infectadas podem transmitir a doença durante o período de incubação, que demora entre um dia e duas semanas, sem que o vírus seja detectado. O uso de máscaras é agora obrigatório na maioria das cidades, escreve a BBC. Ainda não há nenhum tratamento ou vacina. 

O Governo decidiu prolongar o período de férias do Ano Novo Lunar, que deveria terminar na quinta-feira, para tentar limitar a movimentação da população.

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