Primeiro-ministro enfrenta impeachment por ter defendido um refugiado

Miro Cerar é acusado pela oposição de querer interferir na Justiça por ter afirmado publicamente que era contra a deportação de um refugiado sírio.

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O primeiro-ministro da Eslovénia, Miro Cerar Reuters/TT NEWS AGENCY

O primeiro-ministro da Eslovénia, o centrista Miro Cerar, vai enfrentar um processo de destituição devido a declarações públicas onde se mostrou contra a deportação de um refugiado sírio.

O caso centra-se em Ahmad Shamieh, de 60 anos, que chegou à Eslovénia em 2015 e que, desde então, realizou um processo normal de integração no país, segundo conta o jornal The Guardian. Mas, no Verão passado, os tribunais eslovenos recusaram o pedido de asilo de Shamieh, ordenando por isso a sua deportação para a Croácia, onde deveria realizar o seu pedido de asilo por ter sido o primeiro local onde chegou a partir da Síria.

O caso gerou polémica no país e dois deputados dos partidos de esquerda – Jan Skoberne, do SD, que apoia o Governo e Mihe Kordis, do partido da oposição Levica – levaram Shamieh ao Parlamento impedindo que este fosse detido pelas autoridades.

Na semana passada, o primeiro-ministro reagiu ao caso em conferência de imprensa, afirmando que não queria que o sírio fosse deportado sugerindo que tinha a intenção de encontrar forma de garantir a permanência de Shamieh na Eslovénia.

Ora, estas declarações de Cerar serviram de mote para os partidos da direita acusarem o primeiro-ministro de querer interferir na Justiça. No dia 15 de Novembro, o partido SDS anunciou que iria iniciar um processo de impeachment.

A questão dos refugiados e dos imigrantes é um assunto sensível na Eslovénia, país por onde já passaram centenas de milhares de refugiados. Por isso mesmo e segundo explicaram ao Guardian algumas fontes governamentais, o caso de Shamieh está a ser aproveitado politicamente quer pela direita como pela esquerda para destabilizar o Governo e para preparar terreno para as eleições nacionais marcadas para o próximo ano. Além disso, as mesmas fontes garantem que o primeiro-ministro tem o apoio necessário para evitar a consumação do impeachment.

O primeiro-ministro tem, agora, 30 dias para responder a estas acusações antes de o pedido de destituição ser votado no Parlamento, onde a oposição necessita de uma maioria de dois-terços para fazer cair o Governo.

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