Roger Stone agradece a Donald Trump por lhe ter perdoado a pena: “Salvou-me a vida”

Consultor político temia morrer na prisão devido à covid-19 e classificou Donald Trump como “homem de justiça e equidade”.

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Donald Trump comutou a pena de prisão de Roger Stone na semana passada Joe Skipper/Reuters

Roger Stone, amigo e antigo conselheiro de Donald Trump, negou ter escondido informação à justiça que pudesse incriminar o Presidente dos Estados Unidos e agradeceu ao seu amigo de longa data por lhe ter “salvado a vida”.

Na primeira entrevista desde que Trump comutou a sua sentença na passada sexta-feira, Stone acusou a equipa do procurador especial Robert Mueller, responsável pela investigação à interferência russa nas presidenciais de 2016, de querer que ele “levantasse falsos testemunhos” para prejudicar o Presidente norte-americano.

“Eu nunca mentiria sobre o meu amigo de há mais de 40 anos para que depois usassem as minhas declarações para levar ao impeachment”, afirmou Stone, em entrevista a Sean Hannity, na Fox News. “Eles queriam que eu fosse o fiambre da sua sandes de fiambre, porque sabiam que o relatório Mueller, particularmente sobre a Rússia, era um fracasso. Eles não tinham nada”, acrescentou.

O ex-conselheiro de Trump disse ainda que foi alvo de perseguição pelos tribunais, considerando a juíza que o condenou como “tendenciosa”. Quanto à equipa de Mueller, denunciou alguns funcionários como “corruptos” e comparou-os a “guardas prisionais norte-coreanos”.

Roger Stone foi condenado, em Novembro de 2019, por sete crimes, entre eles o de mentir ao Congresso, manipular testemunhas e obstruir as investigações sobre a interferência russas nas presidenciais de 2016, que deram a vitória a Donald Trump.

Durante a campanha, segundo o relatório de Mueller, Stone, um polémico consultor político que trabalha desde a década de 1960 com o Partido Republicano, foi fundamental para que a Wikileaks divulgasse documentos roubados dos servidores do Partido Democrata, uma manobra que visou prejudicar Hillary Clinton e impulsionar a campanha republicana.

Stone deveria cumprir uma pena de prisão de 40 meses, no entanto, na passada sexta-feira, Donald Trump comutou a sua sentença, considerando-a uma “caça às bruxas”. Esta decisão não reverte a condenação, mas perdoa a pena e faz com que Stone não tinha de ir para a prisão.

Na mesma entrevista à Fox News, o consultor político de 67 anos, que trabalhou com ex-presidentes como Richard Nixon (de quem tem uma tatuagem nas costas) ou Ronald Reagan, agradeceu a Trump pela comutação da pena, admitindo que temia morrer na prisão infectado com covid-19, devido aos seus problemas respiratórios. “Tenho 67 anos e tive problemas respiratórios ao longo da vida”, disse Stone. “Ela [juíza Amy Berman Jackson] ignorou a minha condição de saúde, as condições das prisões e as políticas do Departamento de Justiça”, acrescentou.

Ao livrar-se da pena de prisão, Stone deixou um agradecimento especial a Trump: “Tenho um profundo carinho por Donald Trump, que conheço há 40 anos. Ele é um homem de justiça e equidade, com grande coragem. Ele salvou-me a vida.”

A comutação da pena, que livrou ainda Roger Stone de pagar uma coima de 20 mil euros, gerou enorme indignação, não só no Partido Democrata, mas também em algumas figuras do Partido Republicano.

O republicano Mitt Romney, ex-candidato presidencial, falou em “corrupção histórica, sem precedentes”, enquanto o congressista democrata Adam Schiff, que liderou parte do processo de impeachment, acusou Trump de agir como um “chefe de máfia”.

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