Sondagem: Aliança de Salvini pode ser a terceira força política no Parlamento Europeu

O estudo do próprio Parlamento Europeu diz que o grupo eurocéptico e anti-imigração pode eleger 80 deputados.

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Matteo Salvini Alessandro Garofalo/Reuters

A aliança de partidos nacionalistas lançada pelo vice-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini pode vir a ter 80 eurodeputados e tornar-se a terceira força política no Parlamento Europeu, segundo números baseadas numa projecção europeia divulgada nesta quinta-feira em Bruxelas.

Salvini, líder da Liga, anunciou na semana passada em Milão uma união de esforços de partidos nacionalistas após as eleições europeias que decorrem entre 23 e 26 de Maio, com o objectivo de juntar num único grupo político do Parlamento Europeu a Europa das Nações e das Liberdades, com partidos que actualmente estão noutros grupos ou em grupo nenhum.

Ao lado de Salvini, na conferência em Milão, estavam os líderes da Alternativa para a Alemanha (AfD), que integra agora a Europa da Liberdade e da Democracia Directa, e do Partido do Povo Dinamarquês, membro da Aliança de Conservadores e Reformistas.

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Partindo da projecção divulgada pelo Parlamento Europeu, que se baseia em sondagens nacionais, e somando os eurodeputados que os partidos envolvidos podem eleger, a conclusão é que o novo Europa das Nações e das Liberdades ​ pode chegar aos 80 eurodeputados.

Um tal número faria do grupo a terceira maior força política no próximo, depois do Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita), que deverá integrar 180 eurodeputados, e dos Socialistas & Democratas, com 149.

No Parlamento em funções, a terceira força política é o grupo dos Conservadores e Reformistas e a quarta a Aliança dos Liberais e Democratas, posições que a projecção prevê venham a inverter-se.

O Europa das Nações e das Liberdades​, segundo o estudo europeu, sobe de 21 para 62 eurodeputados, partindo das projecções para cada um dos partidos que o integram agora: a italiana Liga, que deve eleger 26 eurodeputados, a francesa União Nacional, com 20, o britânico UKIP (9), o Partido da Liberdade da Áustria (5) o belga flamengo Vlaams Belang (1) e o holandês Partido da Liberdade (1 ou 2 deputados).

A AfD e o Partido do Povo Dinamarquês, que estiveram com Salvini em Milão, deverão eleger respectivamente 11 e 2 eurodeputados.

Além destes, juntaram-se a Salvini Os Finlandeses (ex-Verdadeiros Finlandeses), actualmente no grupo dos Conservadores e Reformistas, aos quais as sondagens atribuem a eleição de três eurodeputados.

E, esta semana, Salvini anunciou que o Partido Popular Conservador da Estónia e o movimento Sme Rodina (Somos Família), se juntaram ao movimento, cada um deles creditado nas sondagens com a eleição de um eurodeputado, o que faz subir o total da aliança de nacionalistas para 80.

Os vários partidos nacionalistas estão juntos em questões como o euroceticismo, a hostilidade ao Islão e ao multiculturalismo, mas divergem noutros aspectos, como a economia, em que por exemplo a AfD defende a economia de mercado e a RN o proteccionismo, ou a política externa, em que os elogios de Salvini e Le Pen ao Presidente russo, Vladimir Putin, desagradam aos nacionalistas polacos e finlandeses.

O peso político de Matteo Salvini no próximo PE pode ainda aumentar se partidos como o Lei e Justiça da Polónia ou o Fidesz da Hungria se juntarem à aliança nacionalista.

O dirigente italiano chegou a ir a Varsóvia em Janeiro para forjar um compromisso, mas Jaroslaw Kaczynski preferiu, para já, manter-se nos Conservadores e Reformistas.

O Fidesz, de Viktor Orbán, mantém-se no PPE, apesar de ter sido suspenso em Março, mas o primeiro-ministro húngaro disse que “decide depois das eleições” se fica naquela que é a maior família política europeia. Nas eleições europeias o Fidesz deve eleger 13 eurodeputados.

A projecção divulgada hoje pelo Parlamento Europeu é a última de uma série de quatro. O projecto inicial era de publicar projecções quinzenais até às eleições, mas, no final de Março, a Mesa do Parlamento, composta pelo presidente e pelos 14 vice-presidentes, decidiu suspender as projecções previstas para o mês anterior às eleições de Maio, passando de um total de nove estudos para apenas quatro.

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