Trump admite que é "provável" que se volte a encontrar com Kim Jong-Un

Na mesma entrevista à Reuters, o Presidente norte-americano afirma que é "muito perigoso" que as redes sociais tentem controlar o próprio conteúdo.

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O Presidente norte-americano, durante a entrevista à Reuters Reuters/LEAH MILLIS

Donald Trump admitiu, numa entrevista à Reuters nesta segunda-feira, que “provavelmente” voltará a encontrar-se com o líder norte-coreano Kim Jong-Un. A segunda cimeira seria uma nova tentativa de o convencer a abdicar das armas nucleares. 

O Presidente dos Estados Unidos, que se encontrou pela primeira vez com Kim em Junho deste ano, em Singapura, acredita que a Coreia do Norte já deu alguns passos no sentido da desnuclearização, apesar de muitos duvidarem da vontade de Pyongyang de abandonar todo o seu arsenal.

O Presidente norte-americano sublinhou que há “muita coisa boa a acontecer” com a Coreia do Norte, mas apontou o dedo à China, que acusa de não estar a ajudar tanto quanto poderia devido à guerra comercial com os Estados Unidos.

Trump, que enfrentou o desafio norte-coreano assim que assumiu a presidência, em Janeiro de 2017, disse que apenas tem estado a trabalhar com a Coreia do Norte há três meses, ao contrário dos seus antecessores, que lidaram com o assunto durante 30 anos.

“Acabei com os testes nucleares [da Coreia do Norte]. Acabei com os testes de mísseis. O Japão está radiante. O que vai acontecer? Quem sabe”, disse.

Na cimeira de Singapura, Kim acordou, em termos gerais, que iria trabalhar na desnuclearização da península coreana, mas a Coreia do Norte ainda não deu nenhuma indicação de que estaria disposta a abdicar das suas armas de forma unilateral, tal como a Administração Trump pediu.

Ainda assim, o Presidente dos Estados Unidos dá a cimeira de Singapura como uma vitória e chega ao ponto de dizer que a Coreia do Norte já não representa uma ameaça. Na entrevista, Trump afirmou que se deve à “grande química” que tem com Kim. “Gosto dele. Ele gosta de mim”, disse. “Não há mísseis balísticos no ar, há muito silêncio… Tenho uma relação muito boa com o líder Kim e acho que é isso que mantém [o acordo].”

Quando questionado sobre se há outra reunião com Kim no horizonte, Trump foi evasivo: “Provavelmente haverá, mas não quero comentar."

Os críticos de Trump dizem que o Presidente fez demasiadas concessões a Kim, ao concordar com a cimeira em primeiro lugar e ao suspender os exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul, ganhando muito pouco de volta.

Questionado sobre se considerava que a Coreia do Norte avançou na promessa de desnuclearização, para além da demolição do principal local de testes nucleares (ainda antes da cimeira), Trump respondeu que sim, mas não quis elaborar. Também apontou que a Coreia do Norte entregou três prisioneiros norte-americanos antes da cimeira de Singapura.

É “perigoso” que redes sociais regulem o próprio conteúdo

Na mesma entrevista, Donald Trump falou de outros temas que têm ocupado a agenda mediática norte-americana nos últimos tempos. O Presidente norte-americano admitiu que é “muito perigoso” que as empresas que detêm redes sociais como o Twitter (da qual é utilizador assíduo) e o Facebook regulem o próprio conteúdo nas suas plataformas. 

Os comentários do Presidente norte-americano surgem numa altura em que a indústria das redes sociais enfrenta um escrutínio cada vez maior da parte do Congresso, que pede que policie melhor a propaganda estrangeira.

Não é a primeira vez que Trump critica a indústria das redes sociais. A 18 de Agosto defendeu, numa série de tweets, que empresas (que não quis nomear) eram discriminatórias face a vozes republicanas e conservadoras. Na mesma publicação, Trump disse que havia demasiadas vozes destruídas, algumas boas e outras más. 

Os tweets seguiram-se às decisões da Apple, Alphabet (dona do Google), YouTube e Facebook, que removeram algum conteúdo publicado pelo site Infowars, gerido por Alex Jones, que se dedicava à publicação de teorias da conspiração.

"Não vou mencionar nomes, mas quando excluem algumas pessoas do Twitter ou do Facebook, e eles estão a tomar essa decisão, é uma coisa muito perigosa porque amanhã podes ser tu", disse Trump à Reuters. 

Trump apareceu num dos episódios do programa produzido pelo Infowars, conduzido por Alex Jones, em Dezembro de 2015, durante a campanha para as presidenciais. 

Ao remover o conteúdo de Jones, o YouTube, Twitter e Facebook referiram violações específicas às regras de cada plataforma. Por exemplo, o Facebook removeu várias páginas associadas ao Infowars depois de determinar que violou as regras relacionadas com o discurso de ódio e bullying

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