Trump ridiculariza derrota de França perante a Alemanha nazi

Presidente dos EUA acusa Macron de querer desviar as atenções da sua baixa taxa de aprovação e deixa-lhe um conselho: "Make France Great Again."

A relação entre os dois chefes de Estado arrefeceu
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A relação entre os dois chefes de Estado arrefeceu Carlos Barria/Reuters
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Em Abril, na Casa Branca, quando os dois Pesidentes ainda se davam bem Kevin Lamarque/REUTERS

Há apenas sete meses, quando Donald Trump e Emmanuel Macron se deixaram fotografar de mãos dadas num passeio nos jardins da Casa Branca, o mundo parecia estar preparado para abraçar o mais novo bromance da política internacional. Mas aquela amizade especial entre os Presidentes dos Estados Unidos e de França arrefeceu tanto desde esse dia, que pouco deverá restar dela depois desta terça-feira: numa série de mensagens publicadas no Twitter, Trump ridicularizou a derrota de França perante a Alemanha nazi e acusou Macron de querer desviar a atenção da sua baixa taxa de aprovação.

O tema dos tweets de Donald Trump foi novamente a ideia, defendida por Macron na semana passada, de que a Europa deveria estar preparada "para se defender melhor sozinha".

Em declarações à rádio Europe 1, o Presidente francês esclareceu quais são, no seu entender, as maiores ameaças actuais ao continente europeu: "Temos de nos proteger da China, da Rússia e mesmo dos Estados Unidos da América."

A primeira resposta do Presidente norte-americano foi dada na sexta-feira passada, também através do Twitter: "O Presidente Macron, de França, acabou de sugerir que a Europa crie o seu próprio exército para se proteger dos EUA, da China e da Rússia. Isso é muito insultuoso, mas talvez a Europa deva primeiro pagar uma parte justa da NATO, que os EUA subsidiam em grande parte!"

No domingo, numa entrevista ao programa de Fareed Zakaria na CNN, o Presidente francês disse que não comenta os tweets do Presidente norte-americano, mas deixou uma das indirectas mais directas dos últimos tempos na política internacional: "Eu prefiro sempre ter discussões directas ou responder a perguntas do que fazer a minha diplomacia através de tweets."

A relação entre os dois chefes de Estado estava a deteriorar-se a um ritmo quase diário, mas ainda havia espaço para conversas mais ou menos afáveis, como a que aconteceu no fim-de-semana, em Paris, por ocasião das comemorações dos 100 anos do Armistício – nesse dia, segundo disse Macron à CNN, Trump "parecia estar OK".

Mas não é isso que se percebe através das mensagens do Presidente norte-americano no Twitter. Esta terça-feira, Trump escreveu quatro tweets seguidos no espaço de uma hora sobre Macron e França – em particular, sobre o envolvimento do país na Segunda Guerra Mundial.

"Emmanuel Macron sugeriu a criação do seu próprio exército para proteger a Europa dos EUA, da China e da Rússia. Mas na I e na II Guerras Mundiais [a culpada] foi a Alemanha – como é que isso correu para os franceses? Estavam a começar a aprender alemão em Paris antes de os EUA terem aparecido."

O Presidente francês disse que não iria fazer nenhum comentário sobre as mensagens do Presidente norte-americano, mas um dos seus conselheiros, citado pela agência Reuters, disse que encontra pelo menos um ponto positivo: "O facto de Trump se lembrar da história europeia é uma coisa muito boa." E o gabinete da Presidência francesa sublinhou que Macron deixou a sua posição bem clara num encontro com Trump no sábado.

Numa das respostas aos comentários do Presidente norte-americano, o eurodeputado belga Guy Verhofstadt fez uma referência à história dos Estados Unidos: "O que Trump parece não perceber é que, sem o dinheiro francês, os EUA nem sequer existiriam, porque a França financiou a revolução americana. Eles até vos deram a Estátua da Liberdade para comemorar isso!"

A ira de Trump estendeu-se também à figura do próprio Emmanuel Macron, acusado de "tentar passar para outro assunto", para esconder "a sua taxa de aprovação muito baixa" e "uma taxa de desemprego de quase 10%".

Para terminar, o Presidente norte-americano deixou uma sugestão ao Presidente francês, adaptando o seu slogan de campanha: "MAKE FRANCE GREAT AGAIN!"

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