Bernie Sanders ganha primárias do Nevada e torna-se o favorito para disputar eleições com Trump

Senador do Vermont obteve 46% dos votos no caucus do Partido Democrata no Nevada. Conseguiu criar um bloco de apoiantes diverso e reforçou a sua posição de liderança na corrida para a nomeação opositor de Trump nas eleições presidenciais de Novembro.

Caucuses democráticos de Nevada em 2020
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“Construímos uma coligação multigeracional e multirracial no Nevada, que vai varrer este país”, disse Sanders Mike Segar/REUTERS
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Apoiante num comício em Las Vegas Mike Segar/REUTERS
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Um boletim de voto para Sanders ETIENNE LAURENT/EPA

A corrida para a nomeação democrata para as presidenciais deste ano está a entrar na fase crítica e a vitória esmagadora do senador Bernie Sanders nas primárias do Nevada neste fim-de-semana reforçou a sua posição de liderança, tornando-o no favorito para disputar a Casa Branca contra Donald Trump, em Novembro. Sanders conquistou um importante avanço antes das primárias na Carolina do Sul e da Super Terça-feira de 3 de Março. 

“Construímos uma coligação multigeracional e multirracial no Nevada, que vai varrer este país”, disse o senador do Vermont, de 78 anos, num comício em San Antonio, no Texas, depois de saber da vitória. “Estamos a juntar o nosso povo: negros e caucasianos, latinos, nativos americanos, asiático-americanos, gays e heterossexuais”. 

De acordo com os resultados de 50% das assembleias de voto, o senador conquistou 46,6% dos votos, seguido por Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama, com 19,2%, e pelo ex-presidente da câmara de South Bend (Indiana) Pete Buttigieg com 15,4%. Já a senadora Elizabeth Warren obteve 10,3%. 

Sanders conquistou mais votos em quase todos os grupos demográficos no Nevada, perdendo apenas nos eleitores com mais de 65 anos, e expandiu o seu eleitorado ao atrair um grande número de democratas que participaram pela primeira vez em primárias, diz o Washington Post

Conseguiu-o com uma mensagem de justiça social e económica, incluindo a promessa de cuidados de saúde universais geridos pelo Governo. Teve sucesso no Nevada, que é visto como um microcosmos dos Estados Unidos, por ter muitos eleitores jovens, uma significativa base de minorias (os latinos são um quinto dos eleitores) e uma forte classe trabalhadora sindicalizada (raro nos EUA), das que mais sofreu nos anos pós-crise de 2008. 

A campanha de Sanders privilegiou o eleitorado latino com acções porta-a-porta, algo que hoje é raramente feito pelos candidatos democratas, e também enviando mensagens e telefonando a todos os membros da comunidade registados como democratas e independentes, diz o New York Times. Foco que, continua o jornal americano, fez inveja até aos activistas latinos das outras campanhas e que têm tentado – em vão – convencer os seus candidatos a despender esse esforço. 

Centro dividido

A vitória no Nevada deu argumentos ao senador contra os críticos que diziam que a sua candidatura embateria numa parede de cimento por não ser capaz de ir para lá das fileiras mais à esquerda do Partido Democrata. Pelo menos no Nevada, isso não aconteceu. Agora a campanha de Sanders quer replicar a estratégia em dois estados cruciais: Califórnia e Texas, com grande percentagem de eleitores ligados à imigração e que vão a votos na Super Terça-feira (quando eleitores de 14 estados vão às urnas no mesmo dia).

O resultado de Sanders no Nevada deu mais impulso à sua campanha, depois do triunfo em New Hampshire e de ser o mais votado no Iowa (Buttigieg teve mais delegados e os resultados ainda estão a ser disputados). Tornou-se o favorito na corrida democrata à Casa Branca. A ala centrista terá um caminho mais difícil para travar a sua marcha, e Elizabeth Warren, que disputava a esquerda do partido com Sanders, tem ficado para trás, ainda que afiance que não tenha perdido balanço. 

Sanders tem beneficiado da fragmentação da ala centrista do Partido Democrata, dividida como nunca entre vários candidatos – ​Joe Biden, Pete Buttigieg e o ex-presidente da câmara de Nova Iorque e bilionário Michael Bloomberg. Nenhum dá sinais de desistir, para se formar uma única alternativa ao senador do Vermont. Se a situação se mantiver, diz o New York Times, o centro não está preparado para um embate prolongado que se arraste até à convenção democrata em Milwaukee, em Julho. 

“Os resultados do Nevada reforçam a possibilidade de este campo fragmentado dar a Bernie Sanders a liderança insuperável no número de delegados”, disse em comunicado Kevin Sheekey, director de campanha de Bloombergcandidato à nomeação democrata que recusou participar nas primeiras quatro primárias

A próxima prova será na Carolina do Sul, a 29 de Fevereiro, e o único candidato com hipóteses de vencer Sanders é Biden, diz o New York Times, apesar de a distância em relação a Biden se ter encurtado numa sondagem revelada este domingo: Biden tem 28% e Sanders 23%. 

Uma vitória no Sul é essencial para Biden, uma vez que sofreu derrotas devastadoras no Iowa e no New Hampshire. O ex-vice-presidente espera que uma vitória o mantenha na corrida, daí estar a apostar todas as fichas neste estado sulista, diz o Washington Post. Será o último embate antes da Super Terça-feira, onde Bloomberg fará a sua estreia nas urnas

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