Trump terá de pagar perto de um milhão de dólares por processo “político” contra Hillary e outros opositores

Juiz acusa ex-Presidente dos EUA de “usar os tribunais para procurar vingança contra os seus adversários políticos”. Trump processou opositores por tentativa de manipulação da eleição de 2016.

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Trump venceu Clinton nas eleições presidenciais de 2016 Reuters/JIM YOUNG

Um juiz federal norte-americano decretou que Donald Trump e os seus advogados têm de pagar mais de 937 mil dólares (cerca de 864 mil euros) de multa por terem processado a antiga secretária de Estado e candidata presidencial democrata, Hillary Clinton, e outros “adversários políticos” do ex-Presidente dos Estados Unidos.

Numa decisão muito crítica e reprovadora da postura de Trump, tornada pública na quinta-feira, mas que é sobretudo simbólica, o juiz Donald M. Middlebrooks, da Florida, acusa o político republicano de “usar recorrentemente os tribunais para procurar vingança contra os seus adversários políticos” e para “promover desonestamente uma narrativa política”.

“[Trump] é perito na utilização estratégica do processo judicial e não pode ser visto como um litigante que segue cegamente os conselhos de um advogado. Ele sabia perfeitamente qual o impacto das suas acções”, escreveu o juiz federal na sua decisão, citado pelo New York Times.

Em causa está um processo movido em Março do ano passado pelo ex-Presidente, através da advogada Alina Habba e da sua sociedade de advogados (Habba Madaio & Associates), no qual acusava Clinton, o Partido Democrata e o antigo director do FBI, James Comey, num total de 31 indivíduos e organizações, de tentativa de manipulação das eleições presidenciais de 2016, ao denunciarem ligações entre a sua campanha e pessoas ligadas ao Governo russo.

Donald Trump venceu essas eleições, derrotando Hillary Clinton, tornando-se o 45.º Presidente dos Estados Unidos.

Mas essa acção foi rejeitada, em Setembro, por Middlebrooks, que, citado pela Reuters, a catalogou como “um manifesto político de duzentas páginas que resume” os “ressentimentos” de Trump “contra aqueles que se opuseram a ele”.

“Este caso nunca devia ter sido apresentado. A sua inadequação enquanto reivindicação jurídica era evidente desde o início. Nenhum advogado razoável a teria apresentado. Destinadas a fins políticos, nenhuma das acusações da queixa emendada apresenta uma reivindicação jurídica que mereça conhecimento judicial”, declarou o juiz, na decisão desta quinta-feira.

Middlebrooks diz ainda que o “padrão de uso indevido e continuado dos tribunais pelo Sr. Trump e pelos seus advogados enfraquece o Estado de direito, retrata os juízes como tendenciosos e desvia recursos daqueles que sofrem verdadeiramente de danos jurídicos”.

Alina Habba representa Trump numa série de outros processos judiciais, nomeadamente num caso em que o ex-Presidente é acusado de fraude financeira pela procuradoria de Nova Iorque e noutro em que é acusado de ter violado a antiga colunista e escritora E. Jean Carroll, em meados da década de 1990.

Segundo o New York Times, também ofereceu aconselhamento jurídico ao antigo chefe de Estado no âmbito da investigação do Departamento de Justiça à apreensão de cerca de uma centena de documentos classificados como confidenciais, secretos ou ultra-secretos na sua mansão de Mar-a-Lago, na Florida.

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