Cartas ao director

O PSD não é só um problema de chefia

A social-democracia tem tradições essencialmente mais a norte da Europa, em que não prejudicando ninguém tenta proporcionar um “melhor estar” a todos, até com alguma “distribuição equitativa” de rendimentos, pela via de impostos não desproporcionados, e quem tem mais indirectamente ajuda quem tem menos.

A dada altura, a social-democracia quase se confundiu com socialismo democrático. Ideias e ideais que por todo o lado se foram esbatendo e desprezando, mas que seria necessário recuperar, sem exageros de esquerdas demasiado esquerdistas de tudo “tirar” aos ricos para dar aos pobres, mas de facto havendo necessidade de harmonizar excessos quer de riquezas, quer de pobrezas.

E, uma das funções correctamente assumidas pelas sociais-democracias e pelos socialismos democráticos foi sendo feita, até no nosso país, tentando – embora nem sempre conseguido – ser-se menos desiguais. Nos últimos anos, o PSD esqueceu totalmente a social-democracia e entrou por um liberalismo a todo o custo, quase com intenção única de ser poder. O que foi aproveitado, e bem, pelo PS, para se chegar um pouco mais à esquerda com ideias mais igualitárias.

E hoje temos um PSD não com uma crise de chefias, mas com uma crise de identidade. O que é hoje o PSD? Social-democrata não é de certeza, cada vez mais encostado à direita, tendo ultrapassado o CDS, que hoje tenta não estar excessivamente à direita. Assim, no PSD não há só que mudar de chefe, mas o partido precisa de saber o que quer ser e qual a doutrina a seguir.

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

 

Serviço aos cidadãos

A propósito do encerramento das lojas dos CTT, o mesmo poderá não ficar a dever-se à necessidade de redução de custos, mas a uma gestão onde os lucros não chegam para pagar dividendos aos accionistas, para investimentos ruinosos como a Fonix e Banco CTT, sendo estes investimentos ruinosos para uns, mas benefício para outros, onde o responsável máximo, a própria administração, obteve um aumento de vencimento elevado enquanto que quem no terreno contribui para o lucro não tem uma actualização salarial condigna. 

Neste processo, os primeiros a sofrer são os trabalhadores que, ao tomarem conhecimento destes pormenores, certamente não deixarão de executar o seu trabalho para com os clientes, mas poderiam eventualmente sentir-se mais motivados, se devidamente reconhecido o seu trabalho, e em segundo lugar, os clientes, aos quais a correspondência muitas vezes não chega a horas ou a pressão diária dá origem ao extravio da mesma.

O que se lamenta é que enquanto os serviços prestados aos cidadãos vão encarecendo, as opções de qualidade traduzem-se numa sobrecarga para aqueles que todos os dias servem o público e vão sentindo a degradação diária, onde o mais importante é o lucro para os accionistas, pouco importando com o serviço público.   

Américo Lourenço, Sines




























 

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