Cartas ao director

Legalidades anti-éticas

 

Os deputados assaltam-nos a carteira porque com o dinheiro dos nossos impostos pagam-se de viagens que não fazem. Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, assalta-nos a inteligência porque diz que tudo o que eles fazem é legal!

 

Oh dr. Ferro Rodrigues! Começo por comentar que a definição de legalidade é controversa porque a lei foi feita pelos próprios deputados que dela beneficiam, o que constitui uma tautologia, uma espécie de "pescada de rabo na boca". Outros exemplos deste vício de lógica: segundo Salazar, o partido único era legal. E houve tempos em que a pena de morte em Portugal também era legal. Portanto,  não nos venha com essa história do ser legal.

Nós queremos é saber se as leis são feitas com respeito pela ética, e aqui é que está o nó da questão. Sabemos que existe uma "Comissão de Transparência" na AR e uma subcomissão de ética (que se calhar é mas é uma comissão de subética) que também são criadas pelos deputados/advogados matreiros. Portanto, também estas estão feridas pelo mesmo vício lógico da "pescada de rabo na boca". É algo semelhante a um juiz que, pelo facto de o ser, se julga a si próprio!

E neste contexto assume particular importância o poder de contrapeso da imprensa ao poder da AR, e que investiga e divulga situações que configuram atentados à ética. E a propósito do valor da imprensa, houve quem, antes do 25 de Abril, lutasse pela liberdade de imprensa, mas agora a despreze. Por mim, contra estas "legalidades" e “princípios éticos” dos deputados, apenas posso fazer uma coisa: esperar por vós na mesa de voto nas próximas eleições e aí ajustaremos contas.

P.S. Este comentário é extensível ao Dr. Carlos César.
José Madureira, Porto

 

Deputados espertalhões

Há anos, Miguel Relvas (PSD) foi envolvido num escândalo que voluntariamente elaborou. Foram as chamadas viagens fantasmas. Como responsável político, além de não as ter feito, ainda recebeu um valor pecuniário pelas falsas deslocações. Num país decente, que não o nosso, teria sido irradiado da política. Nada aconteceu… e ainda foi ministro(!).

Há semanas, soube-se que Feliciano Barreiras Duarte, deputado do PSD, declarou morada no Bombarral, recebendo subsídio de alojamento, mas tendo casa em Lisboa, sem direito a recebê-lo. Além de se ter demitido de secretário-geral do PSD, o que lhe aconteceu? Nada veio a lume…

Agora, um deputado eleito pela Madeira do BE, Paulo Assunção, foi reembolsado por viagens entre Portugal e a Madeira e pelas quais já havia recebido um apoio do Parlamento. Esta gente aufere ordenados principescos, têm acesso a várias mordomias e ainda metem a mão no erário público.

Sobre esta matéria, o PSD pede "um parecer urgente à Subcomissão de Ética sobre duplicação de apoios a deputados". Qual é a dúvida? Um deputado deste partido (o PSD é useiro e vezeiro…) está envolvido numa trapaça igual à transacta… O presidente da AR diz que está tudo em conformidade. Devem ser modelo, mas são um péssimo exemplo, parecendo que nos querem afastar da cidadania. Inqualificável! Esta gente não é digna de representar a República.

Vítor Colaço Santos, Areias

 

 

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