Lulas denunciantes

As lulas à sevilhana, como o polvo à lagareiro, são pratos facílimos de aldrabar.

Há um teste para descobrir bons restaurantes que nunca falha: é o teste das lulas à sevilhana. Nos bons restaurantes o cliente pode escolher e pesar as lulas inteiras para cortar e fritar. Uma só lula rende muito, graças à contribuição do polme ou da farinha. 

Num bom restaurante não se importarão de fritar pequenas lulas inteiras com a tinta, como se fossem choquinhos. Ou fritá-las em azeite e alho. Ou grelhá-las com tinta ou limpas no momento. O importante é que seja o cliente a escolhê-las primeiro, tal e qual foram pescadas.

Se o restaurante não tiver lulas inteiras fuja. Se tiver lulas inteiras mas disser que são só para grelhar fuja porque as lulas à sevilhana que servirá serão das congeladas. Abro uma excepção para as casas honestas em que indicam abertamente na ementa que são congeladas. Infelizmente são poucas. Na França e na Itália são obrigados a indicar os peixes congelados na ementa. Aqui em Portugal é o cliente que tem de investigar e descobrir.

As lulas à sevilhana, como o polvo à lagareiro, são pratos facílimos de aldrabar: as argolas congeladas já têm o polme e o polvo à lagareiro já está assado e tudo. Uma consequência destas aldrabices é que já há uma  geração que só conhece as lulas e os polvos de fábrica que não prestam. O polvo bom é aquele que é comprado fresco, é congelado pelo próprio restaurante (para amolecer) e é depois cozido antes de ir ao forno.

Um bom restaurante só tem polvo e lulas quando há polvo e lulas nas lotas. Nos maus há sempre. Fuja.

Sugerir correcção
Ler 29 comentários