Assis voltou a criticar a solução de Governo e ouviram-se apupos na sala

Ex-líder da bancada parlamentar adverte que o “Governo vive em liberdade muito condicionada”.

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Nuno Ferreira Santos
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O eurodeputado Francisco Assis reiterou este sábado perante o congresso do PS, em Lisboa, a sua oposição ao actual Governo liderado por António Costa – “uma aliança contranatura” – e disse que o PS diverge do Bloco de Esquerda (BE) e do PCP em todas as questões essenciais. E aproveitou para dizer que o “Governo vive em liberdade muito condicionada”.

As primeiras críticas de Francisco Assis foram recebidas com uma vaia por parte de alguns congressistas. O eurodeputado calou-se por alguns instantes, mas logo retomou a palavra para, de novo, vincar as suas diferenças. “Assumo uma posição muito crítica relativamente a este Governo”, reiterou.

Explicou que ia usar da palavra por “indeclinável dever de lealdade”, não se escondendo no silêncio “cínico” perante uma solução de Governo da qual discorda. “Sei bem que esta minha posição me condena no presente a um elevado grau de isolamento no seio do partido, realidade que exprimo todos os dias. Não digo que seja uma circunstância fácil ou agradável para quem confundiu nos últimos 30 anos a sua vida pessoal com a partidária”, declarou, acrescentando que “a solidão política reveste-se sempre de alguma dose de crueldade”.

O eurodeputado fez questão de explicar que a sua posição radica numa convicção profunda de que “em tudo o que é essencial o PS diverge em quase tudo do Bloco de Esquerda e do PCP".

Afirmando que a democracia o compele a demonstrar a oposição “sem disfarces”, o eurodeputado deixa bem clara a sua opinião muito crítica relativamente à forma como o partido tem vindo a ser conduzido nos últimos tempos.

O ex-líder da bancada parlamentar concede que a solução parlamentar encontrada por António Costa permitiu ao PS chegar ao poder. Mas ao mesmo tempo, sublinhou, permitiu a “outros partidos condicionar decisivamente” a acção governativa do PS.

Insistiu que o Governo de Costa “está refém do Bloco de Esquerda e do PCP”.

Depois das divergências no plano da governação, Francisco Assis centrou-se nas diferenças que existem a nível da Europa para salientar que nem o PCP nem o BE abandonaram a “sua velha retórica” assente “num populismo europeu”.

Embora discordando da linha seguida, o eurodeputado acredita que o seu partido saberá estar à “altura das suas responsabilidades históricas”.

No final, agradeceu ao congresso a atenção com que foi ouvido. “Vim com a esperança legítima de ser ouvido. E fui. O PS é um grande partido!” A sala aplaudiu.  

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