Catarina Martins mostrou abertura para viabilizar governo do PS antes das eleições de 2015

Ao contrário do que António Costa disse no debate com Rui Rio, a líder do Bloco já tinha colocado três condições aos socialistas para “conversar sobre um Governo” para “salvar o país” duas semanas antes das eleições.

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No final do debate em 2015, o BE colocou três condições para viabilizar um governo de esquerda Nuno Ferreira Santos

António Costa insistiu numa tese que tem vindo a defender em entrevistas e debates. Esta segunda-feira, no frente-a-frente com Rui Rio, voltou a dizer que o Bloco de Esquerda só manifestou abertura e vontade para viabilizar um governo de esquerda depois da primeira reunião de Costa com o líder do PCP. “O BE, há quatro anos, tinha o PS como seu adversário e depois no dia a seguir à reunião do PS com o PCP mudou”, afirmou o secretário-geral do PS perante o líder do PSD.

Mas não foi exactamente assim. No dia 14 de Setembro de 2015, o frente-a-frente entre António Costa e Catarina Martins acabou com declarações de abertura da líder bloquista, que colocou três condições para viabilizar um governo de esquerda.

“Se o PS estiver disponível para abandonar esta ideia de cortar 1.600 milhões nas pensões, abandonar o corte na TSU e abandonar esta ideia do regime compensatório [dos despedimentos], no dia 5 de Outubro [um dia depois das eleições] cá estarei para conversar sobre um governo que possa salvar o país”, disse Catarina Martins já no fim do debate.

“Se me disser que sim ou que vai pensar, já valeu a pena o nosso encontro. Se me disser que não, os portugueses vão saber que pretende telefonar a Rui Rio ou a Paulo Portas, que os pensionistas vão perder dinheiro e que o corte da TSU vai significar pensões mais baixar no futuro”, acrescentou. “O que é preciso é que haja esquerda capaz de governar, sem fantasias de nacionalização, e sem estar dependente de uma ruptura com euro”, disse ainda.

Antes, já António Costa tinha lembrado que o PS deixara “muito claro”, no último congresso, que rejeita o “arco da governabilidade” e que defende que todos os partidos podem ter acesso ao governo. Aliás, o próprio António Costa já lembrou estas suas declarações para se defender da acusação de que não tinha dito aos portugueses, antes das eleições, que iria tentar formar um governo com o apoio da esquerda.

Agora, Costa vem dizer que a manifestação de abertura do Bloco só surgiu depois da reunião do PS com o PCP. A não ser que tenha havido alguma reunião anterior às eleições que nunca foi noticiada, não foi assim que aconteceu.

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